Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
Fernando Amaro era conhecido e bem conceituado entre as elites comercial e intelectual tanto do litoral quanto serra acima. Representava comercialmente pessoas importantes da capital e contava com o apoio do Comendador Araújo, todavia, era um jovem sem recursos, mais próximo da pobreza do que da riqueza, afinal, não herdou capital e nem influência social. Apesar do apoio recebido, inclusive com a publicação de suas poesias no jornal da recém-criada província do Paraná, morreu sem ver seu livro sair do prelo. Os amigos, além do enterro, também providenciaram a missa de sétimo dia pela alma do poeta, convidando a todos em nota no jornal “Dezenove de Dezembro”. Aviso esse que informava a data de morte como 15 de novembro. A missa aconteceu no dia 21, sábado, em Curitiba, na igreja da Ordem 3ª de São Francisco de Paula, às 8:00hs. Naquela data o mesmo jornal publicou o artigo de Manoel Alves de Paula, do Porto de Cima, escrito um dia após o enterro de Fernando, afirmando que ele sempre teve uma vida dura e que morrera no dia 15. Entre 1862 e 1864 o jornal parnanguara “Commercio do Paraná”, de Leocádio Pereira da Costa, publicou várias poesias de Fernando Amaro. Mas, apesar destas publicações, com o tempo o poeta caiu no esquecimento, na obscuridade da história, até praticamente tornar-se um desconhecido. Ainda no Império, em 1888, um artigo sobre a literatura paranaense no jornal “Santelmo”, de Curitiba, citou Fernando como o primeiro poeta da província, mas sem entrar em detalhes ou dar alguma importância. No final do século XIX, já na República, ele não passava de uma vaga lembrança e apenas em 1900 foi redescoberto pelo meio literário paranaense. Em maio daquele ano o jornal curitibano “O Sapo” publicou o poema “Versos á Armia”. Dois dias depois, o periódico “A Republica” parabenizou a justa homenagem ao poeta desconhecido para a maior parte da população. No mês de junho, eles divulgaram uma carta de José Nogueira a Júlio Perneta, elogiando os dois jornais e questionando o motivo de não ser lançado um livro com as poesias de Fernando Amaro. Em outra carta, o mesmo afirmou que parte das produções literárias do poeta ficou com seu pai tenente-coronel Francisco Antonio da Costa Nogueira, e parte em poder do tio Leocadio Nogueira. Vicente Ferreira de Loyola, em cuja casa Fernando faleceu momentos depois de tomar uma xícara de café, patrocinaria a transformação das poesias em livro. Então eles entregaram o material para Leocádio Pereira da Costa, que não publicou a obra, apesar dos constantes pedidos do pai de José Nogueira, limitando-se apenas em lançar algumas poesias em seu jornal. O filho de Leocádio defendeu a memória do pai, deixando à disposição a coleção completa do jornal “Commercio do Paraná”, encadernada em dois volumes, de 1862 á 1864, com numerosos trabalhos de Fernando Amaro. A partir de 1900, deste modo conturbado, Fernando Amaro renasceu como o primeiro poeta do Paraná e se tornou uma figura de extrema importância no meio cultural do estado. O aumento do interesse por sua breve vida e obra resultou na campanha equivocada que levou Paranaguá a inaugurar a praça Fernando Amaro em 1906, um ano antes do cinquentenário de morte do poeta. Mas isso já é assunto para os próximos textos.