Alexandre Camargo de Sant’Ana
Localizei outras duas versões sobre a origem da Cruz do Pica-Pau, ambas no Facebook do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá – IHGP.
A professora Elmira Nascimento Barroso venceu o Concurso de Contos Regionais e Folclóricos do Litoral, promovido em 1992 pelo “Santa Monica Clube de Praia”, apresentando o texto: “A Cruz do Pica-Pau”. Morador da Costeira e trabalhador do Porto d’Água, todo fim de tarde Pica-Pau tomava uma cachaça com seu amigo e vizinho Nonô Caboclo – “amasiado com uma cabocla lá do Superagui”, que “nada tinha de tímida” e passava o dia na janela a paquerar. Após fazer “propostas indecorosas” e ser rejeitado, um moço mentiu a Nonô que o Pica-Pau era amante da cabocla. Enfurecido, Nonô emboscou o amigo na encruzilhada próxima ao Rio do Chumbo (caminho entre o Porto e a Costeira) e enfiou uma faca no peito do Pica-Pau. Ergueram uma cruz no local e as pessoas juravam ouvir conversas e gemidos durante a noite. Por isso, quem passava por ali sempre se benzia.
Outra versão tinha o nosso saudoso e amado Siqueira. No local da Praça dos Leões haveria o “Cemitério Alto”, onde enterraram os 150 soldados que – por não saberem manusear a espingarda “pica-pau” – morreram em 15 de janeiro de 1894, quando a Revolução Federalista atingiu Paranaguá. Seus nomes acabaram esquecidos, mas no lugar havia o “Monumento da Cruz do Pica-pau”.
Em 1904 a Cruz já era centenária, então não é possível ter sido erguida após 1894 e provavelmente datava do início do século XIX, quando a Costeira não era um bairro e o Porto ainda ficava na Rua da Praia. Além disso, Nascimento é o único a corretamente situar a cruz na Praça João Gualberto. Deste modo, essas versões soam menos verossímeis.