Alexandre Camargo de Sant’Ana
A arte em ferro no Brasil chegou com Dom Pedro II, também vinculada às urbanizações modernizantes ao estilo de Haussmann. Sendo assim, a questão higiênica era essencial na modernização do País. No Paraná, apenas em 1897 (quase 10 anos de República) a higiene urbana passou a ser uma das responsabilidades das autoridades locais. Um médico fiscalizaria o comércio e o interior das habitações, podendo inclusive multar os proprietários. A racionalidade da medicina, através da organização e higienização da sociedade, seria o caminho ao progresso. Deste modo, foi o discurso médico-sanitarista burguês que proporcionou a intervenção estatal na vida privada dos indivíduos.
Paranaguá entrou no período republicano em processo de esvaziamento populacional. Existia um êxodo urbano em direção ao Porto Dom Pedro II, região longínqua da área urbana. Entre a cidade propriamente dita, ou seja, o atual Centro Histórico e imediações, e o Porto D. Pedro II, havia uma imensa área de matagal até mesmo perigosa. Um bonde interligava as localidades e a região não parava de crescer. O maior vilão do êxodo era o Rio Itiberê, altamente insalubre e visto como causador de moléstias. A sujeira do porto da rua da praia, o despejo de esgoto e lixo, além do assoreamento, transformavam o rio em uma lama fedorenta considerada tóxica. Segundo algumas fontes, o Itiberê transformaria Paranaguá em uma cidade deserta.
A modernização parnanguara seguiu o modelo sanitarista. Além do rio, havia diversos problemas relacionados à falta de higiene e de salubridade e os habitantes possuíam hábitos inaceitáveis dentro do ideal burguês de saúde pública. A questão da água potável e encanada ganhou extrema importância. Por conta disso, sua instalação seria comemorada com a inauguração do imponente chafariz de ferro trazido especialmente da França.