O discurso higienista do início do século XX condenava a insalubridade do Itibere, criticava hábitos da população e acreditava que a estagnação dos elementos produzia miasmas. Por isso as águas paradas eram um problema a ser combatido em nome da saúde.
Em 1907 diversos pontos de água parada eram apontados como multiplicadores dos pernilongos. Quando a peste atacou em 1908, um jornal indicou como uma das várias medidas de combate: evitar as águas estagnadas. Com a alfândega no Porto Dom Pedro II, a prefeitura mandou aterrar, em 1912, locais próximos ao novo prédio, pois a água parada prejudicava o trânsito das carroças e a saúde. As novas largas ruas permitiriam o ar circular melhor, aumentando a higiene ao deixar o sol penetrar e evitar águas estagnadas. Parada, apodreceria e contribuiria para infecções nos reservatórios artificiais e nos naturais.
Sem água em casa, a população lavava roupa em lavanderias públicas e servia-se em duas fontes, uma à beira-mar, no final da Rua Pêcego Junior, abaixo da Igreja São Benedito, e a outra na região onde atualmente está o prédio dos Correios. Havia um chafariz público inaugurado no Porto Dom Pedro II em 1890.
Quem podia pagar, comprava a água na porta de casa, no serviço de distribuição com dez carroças pipas que vendiam na razão de um barril de 20 litros por 100 réis. Sua passagem era anunciada com o tilintar da campainha presa ao pescoço da alimária.
Os parnanguaras também podiam comprar a água em sua forma sólida, mas era bem mais cara. Na Rua XV de Novembro existia o Salão Democrata, que além de sorvetes, cerveja, bebidas e frappée, vendia o quilo do gelo por 600 réis em 1900.
Neste contexto surgiu a questão da água encanada.
Por Alexandre