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Lazer e Pobreza

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Lazer e Pobreza

Em diversos artigos nesta jornada pela história de Paranaguá, percebemos semelhanças entre nós (e a sociedade brasileira em geral) e os parnanguaras do início e meados do século XX: contradições sociais, carestias, desigualdades, disputas políticas, revolta popular com destruição de patrimônio, reclamações contra agentes de saúde que lutavam para barrar uma epidemia, motoristas infratores questionando multas a partir do argumento do “só um pouquinho”, derrubada de estátuas, entre outras similaridades. Mas, acima de tudo, era uma cidade em intenso processo de transformação social a partir da ideologia da norma e da ordem – baseada na ciência, mas carregada de um forte moralismo – determinando o papel social de cada um. 

A Praça João Gualberto representava aquele ideal de modernidade: resultou do aterramento de um pântano para acabar com os miasmas; recebeu um parque infantil destinado a ajudar a transformar meninos em homens fortes, saudáveis e honrados – prontos a lutar pela Pátria. Mas não podemos deixar a questão do lazer de fora da análise, afinal (assim como hoje!), uma pracinha para brincar pode ser o único local onde as crianças pobres encontram algum tipo de diversão fora do meio de ruas cada vez mais movimentadas por motocicletas, carros e caminhões.

Segundo um artigo de março de 1941, o parque infantil na João Gualberto deveria receber mais brinquedos, pois lotava de crianças todas as tardes, principalmente aos domingos, e muitas precisavam esperar um longo tempo para brincarem. Além disso, seria a única fonte de diversão das crianças pobres, “que não podem ir a uma sessão cinematográfica infantil ou a outra parte qualquer onde vão as outras crianças”. Pensar nestas crianças carentes seria mais uma razão importantíssima para a prefeitura investir no Parque Décio Lobo, “aumentando os seus motivos de diversões”.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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