Alexandre Camargo de Sant’Ana
Naquele contexto de intensa disputa política e fortalecimento dos movimentos sociais, o jornal curitibano “Última Hora”, opositor ao prefeito, publicou um duro artigo sobre Paranaguá em fevereiro de 1959. De acordo com a matéria intitulada “Paranaguá: População Clama Por Luz, Transporte e Água”, o transporte público era o “pior possível” e o ônibus da rota para o Rocio e área portuária encontrava-se “em condições lastimáveis”. A prefeitura abriu uma concorrência para contratar uma empresa nova, mas a única proposta apresentada era ainda pior do que a “concessionária atual”. Ainda segundo o artigo, ninguém se interessava pela concessão do transporte coletivo porque as ruas estavam horríveis e “a pavimentação, quando existe, é esburacada e acidentada”.
Para piorar a situação dos parnanguaras que moravam distantes do centro, muitos bairros continuavam isolados e sem comunicação com a área central da cidade. A vila Guarani era um deles e apesar de possuir duas vias que deveriam facilitar o deslocamento, nenhuma delas funcionava. A mais curta era totalmente intransitável e a mais longa estava obstruída a 500 metros da vila. Por conta disso, os comerciantes necessitavam utilizar carregadores para levar as cargas dos caminhões aos pequenos “armazéns de gênero”. Os moradores da Vila Guarani ainda enfrentavam outras dificuldades: “Não tem escola, não tem hospital, não tem calçamento, não tem luz” e nem água encanada, existindo apenas duas torneiras para abastecimento da população.
O jornal terminava afirmando que a cidade possuía um crédito de 200 milhões com o Estado, mas os vereadores aprovaram doar metade ao governo estadual para a construção da rodovia Curitiba-Paranaguá (mais um projeto do governador Lupion que não saíra do papel). Uma das promessas em troca desta doação seria a construção do Ginásio de Esportes da Praça João Gualberto.