No início do século XX, o futebol era praticado por adultos e crianças (dentro e fora dos clubes), ocupando um espaço importante na sociedade paranaense, sobretudo em Curitiba. Além de assistirem os jogos nos clubes locais, os curitibanos também consumiam o esporte em sessões cinematográficas. Partidas internacionais nas grandes capitais eram filmadas e exibidas nos cinemas da capital paranaense. Em 1908, o elogiado Smart-Cinema apresentou “magníficas fitas”, destacando-se o “Match Internacional de Foot Ball, entre brazileiros e argentinos”. O futebol não parou de crescer em Curitiba e em 1911 já fazia parte do comercio: anúncio da Casa Clark, situada na Rua 15 de Novembro, ofertava “artigos ingleses [como] impermeáveis, perneiras, meias, foot-balls, calçados para regatas, tennis, crichet”. Rapidamente o futebol chegou ao interior, inclusive em Paranaguá, como veremos mais à frente.
Apesar da importância, o futebol ainda não era um esporte nacional e por isso o vocabulário utilizado não era inteiramente em português. Além da loja acima oferecendo “artigos ingleses”, um jornal de 1912 definiu a prática como um “belíssimo sport inglez”, escrevendo o nome do jogo na língua original: football. As equipes chamavam-se “teams”, o capitão “captain”, a partida o “match” e o campo o “ground”. Seguindo a mesma regra, as posições eram: “goal”, “backs”, “halfbacks” e “forwards”. Havia jogadores com nomes ou sobrenomes estrangeiros, como Lapsch, Hellmuth, Willy, Essenfelder, Friedrick, Boston, Broughton, Tomkins, entre outros.
Brasileiro ou não, o esporte tornou-se muito importante. No período inicial reinava o espírito de amizade e respeito entre os times e as torcidas – as equipes convidadas eram recebidas como hóspedes de honra. A intensa rivalidade e o ódio aos adversários (característica do futebol atual e ensinada desde o berço), não estava presente no pacífico e moderno futebol original.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana