Na primeira década do século XX, o futebol como esporte oficial ainda não fazia parte do cotidiano de Paranaguá, mas já era uma prática importante em Curitiba. Muito cedo, o futebol virou uma enorme epidemia dentro e fora dos clubes curitibanos e até mesmo as crianças pobres jogavam regularmente.
Deste modo, a rua acabou sendo um local bastante usado para a prática informal do futebol e isso chamou a atenção da mídia, pois diferente do esporte oficial, o jogo nas ruas não tinha regras e por isso seria violento e muito perigoso. Segundo um artigo de 1906 em jornal curitibano, desde os 4 anos de idade as crianças “andavam aos pontas pés com a enorme bolla; uns com os narizes esborrachados, carões esfolados, cheios de arranhadelas, outros com o braço na tipoia, proveniente tudo da violência do jogo…era a febre do tempo…”.
O esporte praticado dentro dos clubes era bem quisto e seguia normas que tentavam organizá-lo a partir de um ideal civilizatório. Regras e padrões estabelecidos pelo “Conselho da FootBall Association da Inglaterra” buscavam manter a ordem nos jogos e a paz no campo. Não era permitido passar rasteiras, dar ponta pés, empurrar ou pular sobre o adversário e o juiz deveria comandar com rigor sempre que julgasse necessário, impedido que o jogo se tornasse violento. Caso houvesse qualquer situação perigosa aos jogadores, no campo ou na bola, o juiz deveria cancelar a partida.
Antes mesmo de se instalar em Paranaguá o futebol já estava dividido em oficial e informal, de clube ou de rua, bom ou ruim. Enquanto a prática disciplinada nos clubes era incentivada, os jogos da molecada nas ruas e terrenos baldios deveriam acabar, pois representavam a desordem.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana