Para a festividade, saiu de Curitiba um trem especial, com um vagão acomodando várias autoridades e representantes de jornais, enquanto a banda de música do Regimento de Segurança ocupava o outro. O “comboio, por entre música e aclamações”, estacionou às 10h30 e os convidados foram recepcionados pelo prefeito Caetano Munhoz da Rocha, o coronel José Lobo (subprefeito) e outros, além da população. Comitiva e convidados seguiram em festa para o almoço no “Hotel Brazil”.
Apesar do calor, temperatura perto dos 40°, o evento “vibrou na alma paranaguense, movimentou as artérias da cidade” e levou o povo à Praça Pires Pardinho, “encantadoramente embandeirada, tendo ao centro, o monumento comemorativo […] sobre rico e grande pedestal de granito”.
Cercado de autoridades, do alto da escadaria, o prefeito discursou e foi muito aplaudido. Em seguida convidou o Sr. Dr. Claudino dos Santos, representante do presidente do estado, para abrir o registro geral do chafariz. Quando a água jorrou, a banda do Regimento tocou o Hino Nacional, “havendo muito vivas e palmas” e “distribuíram-se copos, com a inscrição da solenidade […] e assim os presentes solveram da fonte, o precioso elemento”.
A festa atraiu “muito povo”, além das “gentis senhoritas e jovens de nossa elite social”. Os músicos tocaram no coreto até 8 horas da noite, sob a orientação do maestro Soriani: “o regozijo era intenso na massa popular, abrindo-se até em danças campestres” – Não localizei evidência descrevendo o que seriam estas danças campestres, mas provavelmente trata-se do fandango, uma prática bastante comum entre as gentes pobres litorâneas da época, diretamente ligada à fabricação da farinha mandioca. Para a elite local, a atividade foi mais refinada, com danças até a madrugada nos salões dos Clubes “Litterario” e Republicano.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
