Em junho de 1952, o jornal “O Dia” elogiava a administração de Roque Vernalha em Paranaguá. A cidade estaria em “marcha acelerada de progresso” com o “surto de empreendimentos” promovidos pela prefeitura. Após a abertura de algumas ruas e alargamento de outras, ampliou-se o “quadro urbano”. Em torno do Porto D. Pedro II, “magnificamente aparelhado”, girava a economia. Conhecida atualmente como Costeira, aquela região era muito diferente e Vernalha prometia aterrar a orla marinha entre a Rua General Carneiro (Rua da Praia) e o Porto. Segundo o jornal, a sonhada “avenida Beira-Mar há de surgir […] ligando a cidade ao ancoradouro […] com uma linda paisagem […] para belíssimos passeios costeiros, onde a brisa amena do mar nos virá deleitar a alma”.
Os secundaristas reorganizavam-se, pois o jovem Alceu Maron deixava a presidência do Centro Estudantil Fernando Amaro. A nova diretoria seria escolhida na assembleia em outubro. Antes disso, eles organizaram a festa da escolha da Rainha da Primavera. Eram Altamente politizados, possuíam um jornal bastante crítico e aparentemente incomodavam. Defendendo o “A Voz do Estudante”, Max Garmatter Neto publicou o artigo “Crítica à Crítica” exigindo liberdade para escreverem o que quisessem: “sem quaisquer algemas” e “Moldado nas bases ideológicas da verdadeira democracia”.
Alheios a quaisquer tentativas de censura, os secundaristas continuaram publicando denúncias no jornal do CEFA. Em abril de 1953, Augusto José Fóes, o novo presidente, lançou um artigo furioso contra o descaso da prefeitura: as praças estariam abandonadas e as ruas “bombatômicamente esburacadas” e sujas; bastava uma ”chuvarada” para Paranaguá entrar em “calamidade”; a Estradinha sofria carestia de água e só tinha ônibus de 4 em 4 horas; a prometida Avenida José Lobo era uma “vala e imenso capinzal” sem “via pública, nem sequer meios-fios”.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana