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Centro de Letras

Comício Comunista

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Meu objeto de estudo é o Relógio de Sol e por isso a antiga Praça João Gualberto acabou no centro da análise. Não localizei muitas informações sobre aquele logradouro durante a década de 50, mas é necessário entender o contexto político, econômico e social daquela época para compreender as transformações posteriores da praça. Como vimos anteriormente, apesar da evolução econômica do Porto Dom Pedro II e do crescimento da cidade em direção àquele ancoradouro, Paranaguá permanecia com muita pobreza e desigualdade, gerando reclamações e abrindo espaço para surgimento de uma oposição com apoio popular. Além dos estudantes secundaristas, que se organizavam e apontavam o dedo para tudo aquilo que consideravam errado, ainda havia outro grupo mais antigo e fortalecido criticando o prefeito: os comunistas.

Segundo o historiador Thiago Ernesto Possiede da Silva, em sua bela obra “Entre Sapatos & livros: a trajetória de um sapateiro na militância comunista em Paranaguá/PR – 1935 a 1964”, aconteceu um discurso de comunistas na Praça Fernando Amaro em agosto de 1954. O clima era de intensa contestação e o evento foi denunciado ao Secretário de Segurança Pública do Estado. Distribuíram um manifesto de Estanislau Cardoso incitando os trabalhadores e o povo de Paranaguá a protestarem: a situação “é de verdadeira calamidade” por conta da política “federal e estadual”; os preços aumentavam, a vida tornava-se “insustentável” e Roque Vernalha nada fazia para tentar melhorar a vida dos parnanguaras; envolvia-se em “negociatas” enquanto a cidade permanecia “sem um hospital municipal nem os mínimos recursos médicos”; a “falta de transportes, de saneamento, de água, de luz e de energia” elétrica impedia o desenvolvimento local. Além disso, o manifesto defendia a “encampação da Cia. Força e Luz do Paraná [para um] fornecimento de energia abundante e barata”.

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