Corrigindo um equívoco do texto anterior: a reunião formalizando a criação do Rio Branco ocorreu em 16 de outubro de 1913 (e não em novembro). Dez dias depois, o time treinava na Praça Pires Pardinho, assim como o Brazil, cada um “nos seus respectivos quadros”. Além dos treinos das duas equipes, a grande atração naquele domingo, 26 de outubro, foi o Paranaguá Foot Ball Club, que levou dois times, um de parnanguaras e outro de “estrangeiros”, para disputarem no “ground” principal do Campo Grande. Este antigo logradouro – bastante famoso no final do século XIX – reconquistou sua importância com o advento do futebol na cidade.
Tal compartilhamento da praça só era possível porque reinava um clima de amizade entre os clubes e as torcidas – diferente da intensa (e até violenta) rivalidade entre os torcedores de hoje em dia. Uma partida no início de novembro, Brazil versus Paranaguá, evidencia bem isso. Mesmo com o mau tempo, a praça encheu e o jogo ocorreu com muita paz, alegria e respeito. O Brazil ganhou de 2 a 0, mas, segundo o jornal local, o resultado pouco importava: “não houve vencedores nem vencidos […] Findo o match, formou-se uma compacta multidão que […] seguiu em direcção à casa GUTTIERREZ, a Visconde de Nácar, onde serviram um profuso copo de cerveja”.
Apesar desta camaradagem dominante, já havia desvios comportamentais indesejados pelo discurso padronizador, como ocorreu após o primeiro jogo oficial do Rio Branco (em 23 de novembro de 1913 – quando os reservas e o time principal perderam para o Brazil). O jornal local soltou informações supostamente equivocadas e precisou se retratar: primeiro, o Brazil teria dito que venceria por mais de seis gols de diferença; segundo, haveria uma revanche apostando cerveja.