Quando a gestação acontece através do coração

O Dia Nacional da Adoção é celebrado no sábado, 25, e representa um ato de amor espontâneo que se fortalece ao longo da vida. O Brasil tem mais de nove  mil crianças à espera de uma nova família e mais de 40 mil pessoas interessadas em adotar, segundo dados do Cadastro Nacional de Adoção. 

Aline Moreira Soares, hoje com 25 anos, na infância ouvia de sua mãe: “Filha você nasceu do coração e não da barriga da mamãe”.

Para Aline, isso era algo subjetivo, pois o amor era além do incondicional. Aline foi adotada por Isabel Mercês e José Silva, os quais escolheram ser seus pais através de um amor que surgiu à primeira vista.

Hoje, casada, acadêmica do curso de pedagogia, Aline sabe muito bem o significado da palavra amor materno. Natural de São Paulo, reside em Paranaguá com a família há três anos.

HISTÓRIA DE AMOR

"Foi aos 7 anos de idade que tudo começou, lembro claramente das palavras da minha mãe: A mamãe vai te contar algo que não vai mudar em nada nosso amor, quando você tinha 2 dias de vida a mamãe te conheceu. Você nasceu em casa, em um bairro da periferia de São Paulo, uma gravidez indesejada, mas que gerou nosso amor. Não foi da mamãe que você nasceu, o nome da sua ‘mãe’ é Luzia. É importante que você conheça quem te carregou durante nove meses", relata Aline.

"Fiquei surpresa, mas nada mudou. Mesmo pequena, a maior convicção do meu coração, que os meus pais de verdade eram aqueles que me criaram. A minha família adotiva, tentou por diversas vezes que eu criasse um vínculo com a minha mãe biológica, pois achava importante que eu conhecesse quem realmente me gerou, porém isso nunca teve a importância merecida".

"Muitos me questionam se é raiva ou algum medo. Na verdade não é e nunca será. A mãe biológica para mim era como uma pessoa estranha, e até hoje mesmo depois de muito tempo, temos pouco contato, porque na minha cabeça eu nasci do coração da minha mãe", explica.

"Todos me dizem 'você é igual  aos seus pais adotivos'. Eu também acho, foram eles que me acolheram, deles recebi todo amor e não tinha exceção em relação aos meus irmãos, o amor era igual", destaca Aline.

"Aos pais adotivos, apenas os meus agradecimentos, eles lutaram com todas forças para me oferecer o melhor, e hoje eu sou quem eu sou, porque, sem dúvidas, o mérito é deles. Ser filha adotiva é apenas um mero detalhe de não ter nascido da barriga dos pais que me criaram. O amor vai muito além disso", ressalta.

"Eu sou uma parte dos meus pais, e eles são a minha vida por completo. Se hoje estou aqui, é porque Deus me deu a oportunidade de nascer deles. Nascer de novo para eles. Apenas 2 dias de nascida, conheci os meus pais de adoção que me doaram amor", finaliza Aline.