conecte-se conosco

Caravana de canoas ajuda comunidades no litoral do Paraná

O trajeto de 200 km percorridos a remo em 15 dias passa por comunidades tradicionais, como a da Ilha do Benito, e aldeias indígenas praticamente isoladas na baía de Guaraqueçaba…

Publicado

em

Sete canoas caiçaras e seus canoeiros atracam na minúscula Ilha do Benito, no Paraná, onde há apenas três casas e nenhum morador oficial

Um grupo de 30 pessoas, com integrantes de diversos Estados, deixou o conforto de cama, energia elétrica e banheiro de suas casas para viver uma imersão na cultura caiçara no litoral paranaense.

"Quer dizer que vocês saíram das suas cidades para viajar de canoa e vir para esse fim de mundo?", questiona Dalésia Lima, de 57 anos, que nasceu na ilha (a única família do local) e agora dorme lá duas vezes por semana para pescar junto com seu marido. "Eu acho muito bonito isso", destacou.

Dalésia recebe os participantes da caravana, a qual há 17 anos leva doações e oficinas educativas para as comunidades da região.

O trajeto de 200 km percorridos a remo em 15 dias passa por comunidades tradicionais, como a da Ilha do Benito, e aldeias indígenas praticamente isoladas na baía de Guaraqueçaba, a 160 km de Curitiba, em uma espécie de turismo de cunho social.

A rotina é puxada. O grupo acorda ao amanhecer, faz trabalhos nas comunidades durante o dia – como ajudar na construção de casa de rezas em uma aldeia – e rema as canoas em trechos que chegam a 30 km. As refeições são preparadas no fogareiro ou em fogueiras.

Sem nenhuma estrutura, os turistas aprendem a se virar. Pegam ostras vivas na falta de comida, passam lama no corpo para aliviar as picadas de insetos e improvisam estruturas para estancar o frio do inverno paranaense.

Nem todos conseguem completar os 15 dias. Dos 30 que participaram da última edição, na segunda quinzena de julho, quatro voltaram para casa mais cedo. A reportagem acompanhou uma parte do trajeto.

"É uma proposta para nos despirmos um pouco daquilo que pensamos saber", afirma Márcia Regina, de 46 anos, professora de socioeconomia e saberes locais da UFPR (Universidade Federal do Paraná), uma das participantes da caravana.

"Estivemos em uma escola a céu aberto, em que o conhecimento está com as pessoas da comunidade. É só você entrar, sentar e tomar um café", diz Leo Cardoso, de 30 anos, músico de Ourinhos (interior paulista) que esteve na última viagem.

A iniciativa do projeto é de um morador na região, Renato Siqueira, de 46 anos, que viu na viagem de canoa um meio de promover o turismo local e ajudar as comunidades.

O custo de R$ 450 por pessoa engloba gastos com alimentação, combustível de um barco de apoio e parte das doações às comunidades. O barco que acompanha as canoas leva bagagens e doações – na última caravana, foram levados alimentos, roupas, brinquedos e eletrodomésticos.

Qualquer pessoa pode participar, mesmo sem tanto preparo físico – cada canoa é compartilhada por três ou quatro tripulantes, que se revezam nas remadas. Mas os candidatos devem apresentar um projeto de oficina ou benfeitoria para ajudar as comunidades. A faixa etária vai dos 20 anos aos 60 anos.

 

 

Foto: G1

Publicidade










Em alta

plugins premium WordPress