Maçonaria

Vaidade e Sabedoria (2)

Muitas vezes, o vaidoso sequer percebe a própria vaidade ou, em outras palavras, simplesmente a ignora. Atribui-se ao filósofo Sócrates a constatação, já há 2.500 anos aproximadamente, de que “existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância” e, portanto, “sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”

A FAMÍLIA NA MAÇONARIA

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Muitas vezes, o vaidoso sequer percebe a própria vaidade ou, em outras palavras, simplesmente a ignora. Atribui-se ao filósofo Sócrates a constatação, já há 2.500 anos aproximadamente, de que “existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância” e, portanto, “sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. Os antigos muito filosofaram sobre o aforismo “conhece a ti mesmo”, inscrito em grego (gnōthi seauton) no pátio do Templo de Apolo, em Delfos, princípio moral conhecido também pelos romanos (nosce te ipsum). O autoconhecimento é uma porta aberta para outras formas de saber, e o primeiro passo no combate a essa “mãe de todos os vícios”, a ignorância. 

“Conhecimento” é a percepção ou compreensão, por meio da razão e/ou da experiência, das informações recebidas ao longo da vida, ao passo que “sabedoria” é a capacidade de bem aplicar o conhecimento, em qualquer nível. Exemplo, um pequeno agricultor pode até não conhecer a teoria avançada, mas ele “sabe” que precisa plantar e colher em determinadas épocas do ano. Por outro lado, alguém que não seja do ramo agrícola poderá até estudar toda a teoria, mas não necessariamente “saberá” como obter uma boa e produtiva horta. Ainda, em outro nível de senso comum, a humanidade tem suficiente conhecimento para explorar a Lua e Marte, e sondar os confins do sistema solar, mas em geral não tem a sabedoria necessária para preservar a vida no próprio planeta.

Para os antigos, “sabedoria” (sophia) era tanto o saber teórico quanto o prático, tanto a ciência quanto a boa conduta na vida. A representavam (por Athena na Grécia e Minerva em Roma) com um ramo de oliveira na mão, emblema da paz interior e exterior. Seu símbolo usual era – e ainda é — a coruja, ave de hábitos noturnos, pois a verdadeira sabedoria nunca está adormecida. No Oriente, o mundo é a manifestação externa do espírito de sabedoria, um poder divino que atua como agente do Criador perante a criação. Na Bíblia, sabedoria é o conhecimento das coisas, à luz do espírito, tendo Paulo afirmado que em Deus Pai e no Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.”

Não obstante tais tesouros, grande parte da humanidade ainda sofre a pobreza da ignorância. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (de 1864), Allan Kardec traz a lição de que o homem, “em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.” 

Em seu livro “Reflexões sobre a Vaidade dos Homens” (de 1752), Matias Aires, patrono da cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras, concluía que “a vaidade cega a sabedoria” e que “a sabedoria que se faz acompanhar da vaidade é a fonte do erro”. Neste sentido, pior que a ignorância é a sabedoria envaidecida. Conforme Aires, “(…) errar propriamente é dos sábios, porque o erro supõe conselho, e premeditação; os ignorantes quase que obram por instinto; a ciência sabe legitimar o erro, a ignorância não; por isso nesta não há perigo de que ninguém o aprove; ao passo que naquela há o perigo de que a multidão o siga.” 

Ainda: “O erro na mão de um sábio é como uma lança penetrante, e forte; na mão de um ignorante, é como uma arma quebrada, sem uso, nem consequência. As coisas parecem que recebem mais da forma, que se lhes dá, que da natureza que têm; não se atende à substância do mármore, ao polido sim; a dureza importa menos que a figura. As ciências são as que dão o lustre às coisas, e sempre dão o lustre que lhes parece; ou duvidoso, ou falso, ou verdadeiro; a vaidade, é o artífice.”

Por isso, Platão seguia Sócrates para afirmar que “a coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.” Já na modernidade, o escritor Ernest Hemingway (1899-1961) cogitou que “o segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade.” 

“Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias”, já receitava a figura lendária de sábio chinês hoje denominado Lao Zi (até recentemente Lao Tse), que teria vivido entre VI e IV a.C e iniciado o taoísmo. Esta sabedoria não teria sido de uma só pessoa, e nem Lao Zi seria o nome de uma só pessoa, mas um título, significando “Velho Mestre” ou, “Venerável Mestre”. 

Com base em livros de Matias Aires e Allan Kardec, e informações de Dicionário Oxford Languages, bibliaonline.com.br, e wikipedia. 

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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