É comemorado no dia 18 de outubro, o Dia do Médico, em referência ao Dia de São Lucas, padroeiro dos médicos. A categoria nos últimos tempos vive uma batalha jamais imaginada, a luta contra a Covid-19, que trouxe uma nova realidade de trabalho e um outro olhar para a vida destes profissionais da saúde. Para homenagear a categoria, a Folha do Litoral News traz a história de um dos pioneiros da medicina em Paranaguá, o médico anestesiologista, Dr. Manoel Rubens Bandolin.
Ele foi um dos fundadores do Hospital Paranaguá e da Associação Médica do Litoral Paranaguá. Ele também atuou na Santa Casa de Misericórdia no município até o encerramento das atividades do local com a chegada do Hospital Regional do Litoral (HRL).
“A medicina em Paranaguá foi evoluindo gradativamente, começou a ter um progresso, embora no começo ainda muito lento, houve a construção do Hospital Paranaguá em 1978, o sonho de alguns médicos e hoje temos esse hospital graças aos pioneiros que puseram nele seu trabalho e muito investimento”, contou o médico.
Segundo Dr. Bandolin, sua trajetória foi muito difícil, pois na época não se contava com muitos recursos. “Fui anestesista desde 1968, não tínhamos nada dos aparelhos que temos hoje, era tudo na base do visual e foi muito sofrido. Mas, graças a Deus fui bem-sucedido, ajudei muita gente, atendia gratuitamente na antiga maternidade e na Santa Casa”, lembrou o médico. “Lembro com saudade dos médicos que já se foram, colegas, amigos, é uma verdadeira irmandade. Eram médicos com M maiúsculo, hoje poucos médicos fixam residência em Paranaguá e esse é um desafio para medicina da cidade”, concluiu.
O profissional ainda atua na cidade. “Hoje, a anestesia evoluiu muito, contamos com monitores e novas medicações, garantido ao ato cirúrgico/anestésico maior seguro. Sigo na ativa, em menor ritmo, trabalhando na Clínica São Paulo, na Gastroclínica e no Hospital Paranaguá”, contou Dr. Bandolin.
Implantação do SUS
O SUS (Sistema Único de Saúde) foi implantado em 1988, com a Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira. Dr. Bandolin acompanhou a chegada do SUS em Paranaguá e a evolução do atendimento médico gratuito.
“O SUS, em 1988, chegou como um substituto do INAMPS, e hoje é a principal porta de entrada da saúde para a população em geral, embora ainda longe de ser o ideal, mas proporcionou saúde a quem não tinha acesso a nada. Com a construção do Hospital Regional do Litoral houve um salto com relação à antiga Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá, mas ainda há muita coisa a se fazer. Muitas cirurgias já deveriam ser realizadas aqui, infelizmente muitos procedimentos são encaminhados para Curitiba e essa é uma deficiência que deve ser resolvida, contando com articulação da sociedade, médicos e governos”, observou o médico.
Família
“Aqui em Paranaguá nasceram meus filhos e vivemos até hoje. Sempre recebi muito apoio da minha família, minha mulher é uma benção na minha vida, estamos juntos há 56 anos”, disse o médico emocionado na presença de sua esposa Regina – que lembrou dos momentos de ausência do Dr. Rubens para poder atender os pacientes, “às vezes deixava o prato da janta pela metade para atender uma emergência”, lembra a esposa.
Pandemia
Ele também foi vítima da Covid-19 e atribui a sua recuperação à vacina e ao tratamento recebido. “Fui vítima da Covid-19, superei muito bem graças a medicina e a ciência, fiquei 2 dias internado no Hospital Paranaguá, porém evolui muito bem pois já estava vacinado. Está sendo uma época difícil para todo mundo, os colegas de profissão têm se esforçado muito e mesmo estando expostos ao vírus, não mediram esforços e colocam sua própria vida em jogo”, salientou.
Na data comemorativa, o médico destacou a importância da medicina para a sociedade. “Gostaria de transmitir aos médicos neste dia que não esmoreçam na sua profissão. Estamos em uma época muito difícil, até financeiramente, não são reconhecidos como antigamente, mas sempre vai valer a pena. A medicina é fundamental para a sociedade e sempre será”, ressaltou Dr. Bandolin.
Amor à profissão
A médica pediatra Cyntia Guerios Digiovanni é natural de Curitiba, mas atua hoje em Paranaguá. Com 30 anos de formação, ela escolheu a medicina ainda na adolescência. “Escolhi a medicina ainda muito jovem e imatura, passei no vestibular com apenas 17 anos e me formei com 23 anos. Desenvolvi gradualmente um apreço pela profissão, pela condição de poder aliviar sofrimentos. Poder com palavras e gestos trazer conforto e segurança aos pacientes”, avaliou Dra. Cyntia.
Ela deixou um recado aos jovens profissionais médicos. “Procurem sempre manter a empatia e o carinho pelo ser humano. Com toda a tecnologia aplicada na medicina atual, e a segmentação da medicina cada vez mais por especialidades e áreas de abordagem específicas, que nunca esqueçam de olhar o paciente como um ser completo, corpo, coração e alma”, destacou a médica.