Apesar de toda a organização civil e política em Paranaguá (com os estudantes, trabalhadores e comunistas formando uma oposição local), a cidade continuava dependendo do governo estadual quando o assunto era a eletricidade. Paranaguá possuía a hidrelétrica na serra produzindo 1.000 HP e a usina a diesel no Campo Grande gerando 3150 HP, mas o sistema era insuficiente e problemático, deixando a cidade muitas vezes no escuro e aumentando a indignação popular e dando mais força à oposição. O farto fornecimento de eletricidade –prometido há anos com a construção da Usina da Cotia – mostrou-se mais uma promessa do que qualquer outra coisa. Em abril de 1955, a obras permaneciam paradas e ainda deveriam “merecer revisão para uma continuidade”, deixando o sonho ainda mais distante.
O senador e antigo governador Moyses Lupion, objetivando retornar ao comando do Executivo paranaense, criticou a lerdeza da eletrificação e defendeu a construção das 4 usinas principais, entre elas a da Cotia, como havia previsto em seu plano lá em 1948 . O jornal “Diário do Paraná” atacou o plano de eletrificação de Lupion publicando trechos de um relatório de 1951 que já reprovava o projeto da Usina da Cotia: de um valor de Cr$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de cruzeiros) que a obra incompleta já havia custado na época, seria possível salvar apenas vinte milhões. Segundo o relatório de 51, a salvação do projeto, com todas as alterações necessárias para finaliza-lo, “não parece ser economicamente viável”, pois mesmo assim o reservatório não seria suficiente para um período de estiagem e manteria a usina no máximo por um final de semana . Não contente, o jornal publicou os mesmos dados um mês depois, exatamente ao lado da matéria defendo seu candidato ao governo estadual.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
