A Receita Federal e a Polícia Federal deflagraram na manhã de quinta-feira, 10, a Operação Shipping Box, que tem como objetivo desmantelar uma grande organização criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas e que usa vários terminais portuários brasileiros para o envio do entorpecente para o exterior.
Durante a operação foram presas 29 pessoas e cumpridos 50 mandados de busca e apreensão de veículos e outros bens da quadrilha, além do bloqueio das contas bancárias utilizadas no esquema.
A investigação começou em janeiro de 2020, após uma ação da Receita Federal no Porto de Itapoá, em Santa Catarina, quando mais de 600 quilos de cocaína foram apreendidos.

Trocando informações com a Polícia Federal foi possível identificar os responsáveis pela operação criminosa. Os integrantes do grupo, em sua maioria, moram na região sul do Brasil.
As ações conjuntas deflagradas ao longo da investigação resultaram na apreensão de seis toneladas de cocaína e na prisão em flagrante de oito pessoas.
SHIPPING BOX
A operação recebeu o nome Shipping Box, numa alusão, em inglês, ao método de atuação da organização criminosa, que usava o sistema de despacho e entrega de drogas escondidas em contêineres.
Para embarcar a drogas, a organização criminosa se valia de vários expedientes, que iam desde a captação de funcionários dos portos para facilitar a entrada da droga, passando pela criação de compartimentos falsos dentro de caminhões para transporte de traficantes e cargas de drogas para dentro do ambiente portuário, chegando até a criação de empresas de logística de carregamento e transporte de contêineres para atrair a exportação de cargas que ensejassem a oportunidade do embarque da cocaína.

Em alguns casos, a quadrilha usava o método rip-on / rip-off, quando a carga de um exportador sem conexão com o esquema é violada e bolsas com cocaína são introduzidas no interior do contêiner. Em um dos alvos da operação realizada nesta quinta-feira, 10, foram encontrados lacres em branco, que seriam utilizados para imitar o lacre verdadeiro com a numeração vinculada à carga original e tentar driblar a fiscalização da Receita Federal.
Parte da cocaína que era trazida da Bolívia eram enviadas em contêineres para a Europa e outra parte era dividida e abastecia facções criminosas do tráfico para consumo interno.
OPERAÇÃO
Cerca de 250 policiais federais e 15 servidores da Receita Federal cumpriram 34 mandados de prisão e 50 mandados de busca e apreensão em 15 cidades nos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. A busca pelos cinco integrantes foragidos continua mesmo após o encerramento da fase ostensiva.
A lista de bens da quadrilha inclui 68 veículos, 23 imóveis e duas embarcações, além do congelamento de mais 30 contas bancárias.
A Polícia Federal também detectou indicativos de um esquema de lavagem de dinheiro por alguns dos investigados através da constituição de empresas fictícias e aquisição de ativos como ouro e criptomoedas. Os investigados responderão pelos crimes de tráfico de drogas e organização criminosa, cujas penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de reclusão.
Os presos foram conduzidos para as Delegacias da Polícia Federal em Joinville e Itajaí. Após serem interrogados todos serão levados ao presídio regional de Joinville, onde ficarão recolhidos à disposição da Justiça.
RESULTADOS
A superintendente da Receita Federal no Paraná e Santa Catarina, Cláudia Regina Thomaz, destacou os excelentes resultados no combate ao crime registrados nos últimos anos. “Se somarmos a quantidade de cocaína apreendida pela Receita Federal nos últimos dois anos, temos 105,4 toneladas, que é mais do que tudo que foi apreendido nos 20 anos anteriores. Isso se deve à competência do nosso corpo funcional, o investimento em recursos como scanners e cães de faro e a troca de inteligências com outros órgãos, dentre os quais destacamos a Polícia Federal”, ressaltou a superintendente.

Com informações e fotos da RFB