Falavam tanto do Tirolesa, Democrático, 7 de Setembro e outros clubes mais populares, mas os adultos diziam que eram muito animados, ou que tinha muita mulher.
Meu primeiro carnaval foi no Seleto e Paranaguá, times que disputavam o campeonato amador e tinham sede própria.
Os bailes mais chiques eram no Literário e Olímpico, onde a elite ricamente fantasiava-se.
Sempre fui avesso às drogas, porém, não nego que cheirei lança-perfume, que vinha em um frasco de metal dourado, tipo spray.
Quando recém-nascido fui embalado pelos batuques da Escola de Samba Junqueira, a qual ensaiava nas proximidades do Seleto, no Alto de São Sebastião.
O desfile dos blocos e escolas eram em torno da Praça Fernando Amaro e os bares superlotavam de foliões. Lembro bem que duas escolas de samba disputavam o título, Junqueira e Império do Samba. De Antonina vinha sempre alguma escola e o bloco de índios Apinages. Ficava a espreitar as sensuais porta-bandeiras, com seus gingados e riso maroto.
Ainda tinha o Bloco dos Sujos, que marcava a irreverência do parnanguara, com críticas e obscenidades. Nunca esqueci do Serico da Caverna, com seus bonecos gigantes.
O Banho à Fantasia precedia o carnaval e se mantém até nossos dias. Foi o que restou das festas de Momo.
Li, que em tempos outros, desfilavam dois blocos: os Bilontras, da elite; os Belzebus, da classe pobre.
O que sentia nesses dias carnavalescos, que começava acompanhando os ensaios das escolas preferidas, era um arrebatamento pelo batuque e a admiração pelas desfilantes.
Os bailes iam até o sol raiar e acabava tudo no Mercado do Café com o tradicional café com bolinho de banana, ainda no fogão à lenha.
De tudo isso, o que mais queria mesmo era ter encontrado um amor de carnaval.