Passeando pelas ruas de Joinville, vi uma cena muito rara, um casal de idosos no maior chamego, andando de mãos dadas na maior felicidade. Hoje, está cada dia mais difícil de ver esta cena nas médias e grandes cidades brasileiras. O número de casais se separando já é maior do que o número de pessoas com coragem de enfrentar um matrimônio. Meu bem, viram meus bens e as juras de amor antes ditas, agora são manifestações de rancor e imbróglios que terminam geralmente com muito sofrimento nas barras dos tribunais.
Um dado que passa despercebido é o aumento de números de animais de estimação no Brasil, já são 50 milhões de cães e 30 milhões de gatos, vemos inúmeros Pet Shops prosperando, o que literalmente denota que, para muitas pessoas, melhor conviver com animais do que se arriscar novamente em uma desilusão amorosa.
O mercado já se atentou para esta mudança de comportamento e são vários os lançamentos para o público solteiro, desde flats minúsculos e porções individuais nas prateleiras dos supermercados.
Esta nova forma de comunicação contemporânea via web está criando um perfil de indivíduos denominados cyberdependentes. Segundo os pesquisadores, pessoas com um grau enorme de insatisfação e ansiedade.
O filósofo e sociólogo Sygmunt Bauman alerta com seu conceito de relações líquidas, vivemos tempos líquidos, nada é para durar! A fragilidade e a superficialidade das relações humanas estão atualmente privilegiando o celular e a web, nos privando das relações sociais.
A falta de comprometimento, o sentimento de impermanência e a baixa resiliência levam o indivíduo a abandonar relações como se descarta um copo plástico, típico de quem vive na sua bolha e não sabe se colocar no lugar do outro, não tem empatia e não entende suas emoções.
O que Bauman postulava na verdade até o fim da sua vida foi a solidez nos relacionamentos, o verbo amar deve vir acompanhado de várias palavras como respeito, admiração, empatia, muita parceria e cumplicidade.
Penso que regredimos emocionalmente e cada vez mais vemos pessoas frias, sem se importar com o que acontece fora da sua bolha. Não creio que uma pílula da felicidade seja a solução em uma sociedade 5.0, em evidente regressão emocional.
Como diria o inesquecível João Gilberto: Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho! Prefira nas suas escolhas alguém que te mereça e faça feliz. Se alguém consegue te tirar do sério ao ponto de você cogitar uma agressão, mantenha sua autoestima e saia fora, ninguém merece esse tipo de relação.
Do poeta Jean Cocteau uma constatação: O verbo amar é difícil de conjugar, seu passado não é simples, seu presente não é indicativo e seu futuro é sempre condicional.
Por Guilherme Guimbala