A área da Fonte Nova só recebeu maior atenção quando a cidade cresceu e alcançou o banhado. Há muitas décadas os populares movimentavam aquele baixio, tanto para pegar água quanto para lavar as roupas, mas era um lugar frequentado apenas pelos pobres – um lamaçal cortado por um riacho. Não apenas o local da futura Praça João Gualberto ficava fora dos limites da área urbanizada, mas também a região da Praça Fernando Amaro. Mesmo com a construção da Estrada de Ferro, em 1881, o Largo entre primeira estação ferroviária e o muro do cemitério da Capela Bom Jesus (onde hoje está o prédio da Caixa Econômica Federal) permaneceu um areal até 1906, ano de inauguração do logradouro.
Naquele início de século, Paranaguá enfrentava um êxodo populacional em direção ao Porto dos Gatos (Porto d’Água), onde a atividade portuária se estabelecia porque o assoreado Itiberê não comportava os navios cada vez maiores. Piorando a situação: a cidade era insalubre e cheia de doenças; havia animais soltos pelas ruas lamacentas, esburacadas e cheias de mato; inexistiam água potável encanada e esgotos; dejetos eram jogados no rio ou fossas.
Tentando modernizar Paranaguá, as elites implantaram um projeto baseado no conceito de higiene, contrário às águas paradas – de onde sairiam os miasmas geradores de doenças. Além disso, começaram a conectar a Cidade Velha com a nova região portuária, abrindo avenidas e ruas. Em 1904, a Rua Silva Lemos (atual Hugo Simas) foi prolongada em direção ao Rocio, passando pelo banhado e ocasionado um choque entre a Velha e a Nova Paranaguá. Segundo um jornal, a prefeitura precisou retirar da região a secular e venerada Cruz do Pica-Pau, pois o antigo local de peregrinação popular ficaria bem no meio do caminho.