O deputado estadual e ex-chefe da Casa Civil do governo Ratinho Júnior, Guto Silva, cumpriu agenda no litoral do Paraná na quinta-feira, 30. Para as eleições em outubro, ele se lança como pré-candidato ao Senado pelo Progressistas. Em entrevista a Folha do Litoral News, o deputado falou sobre as suas pretensões em alcançar uma vaga no Senado, sobre a importância de formar uma liderança jovem no País, sua experiência na Casa Civil e o impacto da Nova Ferroeste para o Porto de Paranaguá, projeto no qual acompanhou de perto.
Folha do Litoral News: Como surgiu a ideia da candidatura ao Senado?
Guto Silva: Tive o privilégio de poder percorrer e conhecer a realidade do Paraná com profundidade, a proximidade com o mundo político e a estrutura do Estado. Mas uma coisa me incomodou muito, que foi o distanciamento do senado com a realidade do Paraná, dos prefeitos, deputados, falta de uma agenda muito clara de Estado e isso me motivou a começar essa jornada para trazer um projeto novo conectado com o Paraná, falta um pouco de bairrismo. Os grandes temas não enchem a barriga de ninguém aqui e não traz resultado para a nossa população. Acho que está na hora de colocar o Paraná em primeiro lugar, que ajuda muito o Brasil, mas que precisa ser compensado. Precisamos de uma agenda de esforço coletivo com integração para buscar solução. O Paraná precisa ser recompensado pela União, porque mandamos quase R$ 70 bilhões por anos e historicamente volta R$ 15 bilhões. Precisamos criar mecanismos de compensação para poder acompanhar o desenvolvimento que estamos passando. No ano passado batemos recorde de empregos. Na minha opinião, o Senado está muito ausente e o Paraná precisa de uma voz contundente para poder fazer o debate dos interesses.
Folha do Litoral News: Por ter começado jovem na política, acredita que o País precisa de mais lideranças jovens?
Guto Silva: Não existe nação desenvolvida sem liderança. O Brasil vive um apocalipse de lideranças, não só na política, precisamos dar condições para que essa turma possa ingressar e participar. Ficou meio demonizado o meio político nos últimos dez anos com Lava Jato, isso acaba afastando jovens que possam contribuir, entretanto, percebemos que o meio empresarial mais ativo na vida política. Mas, precisamos mais. Precisamos formar novos líderes para ter longevidade. O processo de liderança que temos no Brasil ainda é fruto da redemocratização, até a entrada do Bolsonaro, todos da linha de comando do Brasil vêm da redemocratização. Agora, temos um novo ciclo. No Paraná começamos bem com o Ratinho iniciando essa nova geração e essa transformação que começamos no Palácio Iguaçu, mas que precisamos estender para Brasília e levar para o Senado um ar novo com comportamento novo. Não é uma crítica aos cabeças brancas, pois nem tudo que é mais velho é ruim e nem tudo que é mais jovem é bom. Mas não podemos abrir mão da atitude, de ir para cima, com garra, com essa vocação para o trabalho, para avançar, com esse espírito que está muito presente na nossa sociedade.
Folha do Litoral News: De que forma a experiência de três anos como chefe na Casa Civil o conduziu a almejar o Senado?
Guto Silva: Na Casa Civil eu não tinha pretensão de disputa. A secretaria coordena as demais secretarias, tudo passa por lá, além da relação com os prefeitos e vereadores, isso tudo é muito complexo e toma muito tempo. E fomos surpreendidos com uma pandemia no meio do caminho, tivemos que pegar o governo que estava planejado para uma coisa e reorganizar esse processo, foi muito difícil, mas a gente sai com o sentimento de trabalho realizado. Sabemos que o Paraná está em um momento muito positivo e a Casa Civil me deu esse conhecimento aprimorado do Estado. Me deu vontade de participar em novembro/dezembro do ano passado e prontamente em janeiro já me descompatibilizei do governo. Pois poderia ser incoerente ter uma pré-candidatura ao Senado, poderia ser divergente do arranjo político partidário. O governador tem sido sempre muito generoso comigo, me deu confiança.
Folha do Litoral News: Sobre a Nova Ferroeste, o senhor acompanhou de perto todos os trâmites do projeto. Qual o impacto que a obra deve ter no Porto de Paranaguá?
Guto Silva: Mudei minha percepção sobre a Nova Ferroeste porque o Paraná antigamente era o celeiro do mundo, mas hoje está se transformando em um supermercado do mundo, estamos conseguindo agregar valor a nossa agroindústria e mudou um pouco essa dinâmica. Sempre olhamos a produção agrícola do Paraná vindo a Paranaguá para ser exportada e, na contramão, os fertilizantes vindo alimentar nossa produção. Mas, mudei meu olhar sobre isso. Hoje, o milho produzido no Paraná é 100% consumido aqui, a soja, em dez anos, nós não somos autossuficientes. Isso significa que temos que importar produto para tocar a nossa indústria. E isso é muito bom porque gera valor, essa matéria prima mais barata entra no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Então, a Nova Ferroeste terá essa capacidade de trazer matéria prima competitiva e garantir o insumo barato e o canal eficaz para o porto de Paranaguá. Será uma revolução logística, o Paraná precisava desse olhar para a infraestrutura.