PAULO AUTUORI
Começo pelo campeão Paulo Autuori, do Clube Atlético Paranaense, o qual não jogou bola, porém tem uma experiência no futebol, que já lhe garantiu títulos importantes por onde passou. De preparador físico da Portuguesa carioca a campeão do Mundo com o São Paulo, sua trajetória como técnico é impressionante. Viajou parte do Planeta Terra ensinando futebol e colocando faixa no peito e taça no armário. Nunca se achou superior por isso. Apenas fruto do trabalho competente dos atletas. Costuma dizer. Simples assim. Sabe como poucos administrar os pés e a cabeça dos seus comandados. Me atenho ao Atlético neste momento. Paulo é um profissional capaz e inteligente, pois sabe tirar o máximo da excelente estrutura que o clube lhe proporciona. Suas entrevistas, com raras exceções, são verdadeiros tratados sobre futebol e afins. Está em lua de mel com a diretoria, coisa rara no Atlético. Prega uma nova mentalidade no futebol, sem benesses a clube algum. Diria que é um Mahatma Gandhi da bola.
PAULO CÉSAR CARPEGIANI
Chego ao Paulo César Carpegiani, do Coritiba F. C. Tem história como atleta e técnico, era para jogar no Grêmio por obra do esperto Abílio dos Reis, acabou no Internacional, o grande rival. No campo com a camisa do "colorado gaúcho" só não fez chover. Foi campeão do Sul e do Brasil, numa equipe comandada pelo mestre Rubens Minelli. Formou com Falcão uma dupla inesquecível de meia cancha. Tinha dinâmica de jogo, aliada a uma técnica invejável, dava ritmo ao time campeão brasileiro. Craque na acepção do termo, sem dúvidas. Iniciou meio por acaso a carreira de treinador, sendo campeão Mundial com o Flamengo já de cara. Levou o Paraguai a sua melhor participação em Copa do Mundo, na França, quase chegou à final. Ídolo até hoje na terra de Romerito e Chilavert. Não é um técnico convencional, longe disto, às vezes surpreende até ele mesmo nas escalações. Tem conhecimento de causa e suas equipes primam pela personalidade.
HISTÓRIA
Uma noite quando trabalhava no programa esportivo Mesa Redonda da TV CNT, fui encarregado de buscar o então técnico do Atlético, Mário Sérgio, para participar do programa. Era domingo e passei no seu apartamento para pegá-lo. Afável falante logo me disse- sou campeão do Mundo com o Grêmio teu time, portanto me respeite. Me prometeu no retorno do programa contar uma história do título Mundial. Dito e feito. Me disse o Mário na madrugada daquele domingo frio, em frente seu prédio: Valmir eu comentei com o PC Caju que talvez fosse melhor jogar a final contra os alemães, com o Tarciso na direita e o César, que tinha feito gol na Libertadores, como centro avante. O PC ouviu e pouco falou. Eu resolvi levar a ideia para o meu amigo e treinador Valdir Espinosa. Depois de um treino físico no Japão, onde foi jogada a final, pedi uma conversa com o Espinosa. Andando no gramado falei para ele: que tal colocar o Tarciso na ponta e o César no meio do ataque? Espinosa parou a caminhada e me disse: Tá louco vesgo, como vou tirar o Renato o mais produtivo atacante da Libertadores e ídolo da torcida. Nem pensar. Se perco sem o Renato não posso descer em Porto Alegre na volta. Além do mais, ele confia em mim e eu nele. Esquece isto. Foram para a decisão e o Renato acabou com o jogo e marcou o gol da vitória, Grêmio Campeão do Mundo. No vestiário entre abraços festa e champanhas francesa, fui falar com o Espinosa: chefe desculpe por tudo, quando ia entrar no assunto o Renato disse: o Espinosa me deu um abraço um beijo no rosto e do alto da sua sabedoria me disse. Mário, ganhamos o título tão sonhado, você jogou muito, vai festejar e esquece o resto. Era a dignidade do Campeão Valdir Espinosa com o campeão Mário Sérgio. Nunca mais esqueci disso, falou Mário para mim na despedida da fria madrugada curitibana. Histórias da bola.
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