Acusados, entre eles dois policiais, são investigados ou condenados por crimes como roubo, tráfico, furto, associação para o tráfico e corrupção
Na quinta-feira, 9, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MPPR), com apoio da Corregedoria da Polícia Militar do Paraná (PMPR) cumpriu mandados de prisão de 16 pessoas, algo que foi complementado com outras quatro prisões de suspeitos em flagrante, em ação realizada em Matinhos, Guaratuba, no litoral, e em Curitiba e outras cidades da Região Metropolitana. Segundo o MP, dentre os presos estão dois soldados da PMPR, um deles reformado. Além das prisões, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão.
"Os mandados foram expedidos pela 9.ª Vara Criminal de Curitiba em decorrência de investigação que detectou a existências de duas organizações criminosas, cujos líderes são os dois policiais militares, constituídas para a prática de crimes de roubo, furto, usura e lavagem de dinheiro", informa a assessoria do MPPR. Entre os policiais investigados, um deles já havia sido condenado por mais de 24 anos de prisão por tráfico, associação para o tráfico e corrupção passiva, bem como investigado por lavagem de ativos.
"O outro policial está sendo investigado por roubo, furto e lavagem de ativos. Ambos estiveram presos durante um período no Batalhão da Polícia de Guarda, em Curitiba, ocasião em que trocaram informações e entrelaçaram as atividades dos dois grupos para lavagem de dinheiro", explica o GAECO. Além de Matinhos, Guaratuba e Curitiba, a ação conjunta foi realizada em Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Piraquara, Campina Grande do Sul e São José dos Pinhais.
Parte dos itens apreendidos pelo Gaeco de duas quadrilhas que atuavam em vários crimes em Curitiba e região (Foto: Gaeco/MPPR)
COORDENADOR DO GAECO DETALHA OPERAÇÃO
O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, concedeu coletiva à imprensa em Curitiba na sede do órgão. Segundo ele, os mandados foram devidamente cumpridos na Região Metropolitana e no litoral. "As investigações são principalmente de lavagem de dinheiro, mas têm como antecedentes tráfico e corrupção no caso de um soldado já condenado pela Justiça. E no outro caso uma investigação pelo caso de furto e roubo e também a lavagem", detalha.
Batisti detalhou a atuação dos policiais que foram presos nos crimes investigados. "A apuração que estamos fazendo é que cada um dos policiais estreitou relação quando estava preso. Foram constituídos dois grupos de organizações criminosas que tinham o propósito de ocultar aquele produto, em um caso do tráfico e corrupção e no outro caso de roubo e furto que ainda é objeto de investigação", explica. Outras quatro pessoas foram também presas pelo Gaeco por porte ilegal de arma de fogo e de equipamento para bloqueio de sinais. "Ao todo, até o momento, foram apreendidos R$ 44 mil", completa.
O coordenador ressaltou ainda que a operação do Gaeco foca os dois grupos criminosos que tinham por objetivo o crime de lavagem de dinheiro. "Alguns integrantes dos grupos que realizavam esta lavagem de dinheiro estiveram presentes ou participaram de eventos nos dois grupos. Havia 19 mandados de prisão, mas duas pessoas destes mandados já haviam morrido. Houve 24 mandados de busca e apreensão. Além dos 16 presos, prendemos em flagrante quatro pessoas por porte de arma ou munição", afirma.
LAVAGEM DE DINHEIRO E FURTOS
Batisti ressalta que a investigação apurou que os alvos da operação que não eram policiais auxiliavam, em alguns casos, os furtos e um roubo. "E mais, a maior parte auxilia no processo de lavagem de dinheiro", afirma. "A lavagem de dinheiro se dava pelo seguinte método: este dinheiro era feito via empréstimo com devolução de juros ou com aquisição de imóveis em nomes alheios com sucessivas passagens de suposta propriedade, dado que os reais proprietários eram da família dos dois soldados", complementa o coordenador do Gaeco.
"Um dos soldados já está condenado pelos crimes antecedentes e agora também responderá pela lavagem de dinheiro, o outro deve responder pelos crimes de furto e de roubo, além do processo de lavagem e usura", acrescenta Leonir Batisti. "Em um dos furtos consta que uma carga de cerveja que ele teria pego o frete para fazer e fizeram um boletim de assalto, daí entrou o motorista e outras pessoas auxiliando nesta versão e, obviamente, a carga foi desviada em proveito dos próprios", explica, ressaltando que a investigação ainda está em andamento.
Segundo o coordenador, um dos soldados se associou ao tráfico de drogas e somou isso à corrupção. "Esta é uma condenação já confirmada pela Justiça. No caso do outro policial ainda está sendo investigado com a busca e apreensão de hoje, mas a investigação já aponta as suspeitas de furto, de um roubo e lavagem de dinheiro, que está mais materializada", detalha Batisti.
Na operação, o Gaeco apreendeu grande quantia de dinheiro, munições, equipamento para impedir rastreio de ligações telefônicas, simulacros de armas, remédios não-regulares. "Além disso, o objeto da busca e apreensão é a obtenção de documentos materiais para fazer esta ligação quanto à lavagem de ativos", afirma o coordenador. "A atuação era em Curitiba e, no caso do litoral, uma determinada pessoa residia na região e, por isso, o mandado foi cumprido lá", finaliza Leonir Batisti.
Armas de fogo e munição foram apreendidas na ação e R$ 44 mil em espécie (Foto: Gaeco/MPPR)
*Com informações do Ministério Público do Paraná.