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Polícia

Magia Negra: crianças tinham símbolos marcados pelo corpo

Denúncias ajudaram autoridades de segurança a prender acusados de tortura

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O Conselho Tutelar de Paranaguá, órgão autônomo dedicado à proteção dos direitos da criança e do adolescente, teve atuação decisiva para resguardar a população infantojuvenil no caso grave de violência mais recente: a prisão de mãe e padrasto, moradores no Imbocuí, na segunda-feira, 9, acusados de torturar duas crianças de 10 e 6 anos, em rituais contínuos de magia negra. Segundo o presidente do Conselho Tutelar, Getúlio Rauen, a prisão do casal Reinaldo Bucenko Junior, de 55 anos, e Claudia Regina Nonnenmacher, de 35, após tortura continuada da menina de 10 anos e de um menino de 6, aconteceu em decorrência de denúncia da professora da escola em que as crianças estudam ao Conselho Tutelar, que iniciou os primeiros procedimentos junto às autoridades para que prisão fosse concretizada.

 

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PADRASTRO AGRIDE

“Realizamos um trabalho atrás das cortinas e foi o que aconteceu nos dois casos. Neste caso envolvendo a questão da magia negra, vale ressaltar que assumimos a gestão do Conselho em janeiro de 2016 e não sabíamos que já havia atendimento destas crianças em 2015”, comenta o presidente Getúlio Rauen. De acordo com ele, em 2015 “as crianças foram encaminhadas ao Centro de Referência de Assistência Social (Creas), inclusive onde uma conselheira, da gestão anterior, foi agredida pelo padrasto das crianças que hoje está preso. A Polícia foi chamada, ele foi preso na época por agressão, mas não pela agressão às crianças”, explica. “As crianças na época foram acompanhadas pelo Creas, só que o padrasto saiu da cadeia e fugiu com as crianças e só voltou este ano. Só foi feito boletim de ocorrência da agressão à conselheira e não às crianças, o que foi um erro”, explica.

 

ESCOLA

“Em abril deste ano, a escola denunciou o caso de tortura por magia negra ao Conselho Tutelar, quando foi constatado que as duas crianças estavam cheias de hematomas pelo corpo. Assim fomos imediatamente até a escola, encaminhamos os menores à unidade de saúde, passando pelo atendimento do médico e exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). As duas vítimas ficaram no Conselho Tutelar”, explica Getúlio Rauen, sobre o primeiro atendimento. “Neste momento foi feito pelo órgão um relatório ao Ministério Público e à Vara de Infância, foi então que eu fui até o Nucria e fiz o boletim de ocorrência”, comenta a conselheira Danielle Lima dos Santos. 

“Após o primeiro atendimento em abril, as duas crianças vítimas de tortura foram encaminhadas à unidade de acolhimento como medida de proteção, algo feito já no dia da denúncia. Depois disso, avisamos os órgãos da rede, o MP, Nucria e a Polícia Civil, sobre todo o caso. No mesmo dia, comunicamos aos pais, suspeitos de tortura, que as crianças estavam na unidade de acolhimento e que era para eles aguardarem convocação ao MP de irem para audiência”, explica Getúlio. “Eles não ficaram nada contentes e vieram até o Conselho de noite, onde fizemos uma reunião. Ficamos tenebrosos com eles das coisas horríveis que as crianças passaram”, completa. 

 

SÍMBOLOS NO CORPO DAS CRIANÇAS

De acordo com o presidente do Conselho Tutelar, nos exames médicos iniciais nas crianças foram constatados inúmeros símbolos de rituais pelo corpo, bem como pegadas de porcos. “Os pais falaram para a gente que eles tinham apanhado de um porco. Enfim, coisas absurdas. A menina sempre protegia a família, sob o efeito da síndrome de Estocolmo, e o menino sempre nos contou tudo o que passou, sempre assustado”, explica Getúlio Rauen. 
Rauen destacou que após passarem alguns meses na unidade de acolhimento, as crianças tiveram a guarda decretada, após audiência, aos seus avós maternos, que inclusive estavam sem nenhum contato com a filha e mãe das duas crianças torturadas. “Até hoje elas estão com os avós”, explica. “Há cerca de duas semanas fui fazer um atendimento perto de onde os dois agressores moravam e o padrasto das crianças passou por mim debochando de que estava solto. No entanto, nesta semana, a Justiça se fez e ele e a mulher foram presos”, completa o presidente.
Segundo a conselheira Danielle, Reinaldo, o padrasto das crianças, antes de sua prisão, também convidou os membros do Conselho Tutelar a visitarem o sítio onde moravam no Imbocuí, só que “sem se identificarem” e sem as forças policiais, para não assustarem os vizinhos, visita esta que não foi feita por questões de segurança. Getúlio Rauen acrescenta que na efetuação da primeira denúncia, em abril, a investigação em torno da magia negra não podia ser divulgada na imprensa, por força de lei e para que a investigação não fosse comprometida. 

 

ASSISTÊNCIA

Conselheira Danielle Lima dos Santos e presidente Getúlio Rauen destacaram como foi atendimento das crianças agredidas 

Desde então, as crianças passaram por apoio contínuo de assistentes sociais, psicólogos e profissionais de saúde do município desde abril, serviço que continuará nos próximos quatro meses e que deverá prosseguir posteriormente no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). “Seguiremos acompanhando a relação deles com os avós e como eles estarão no futuro. O Conselho Tutelar e a Rede de Proteção atuaram positivamente neste triste caso em prol das vítimas”, completa Rauen.

 

IMPORTÂNCIA DA DENÚNCIA

“A denúncia é essencial e deve ser feita por meio do Disque Denúncia 181, do Estado, e do Disque Direitos Humanos 100, do Governo Federal, ou do nosso telefone (41) 3420-2905, ambos destinados a receber casos de violência infantojuvenil. Com isso, o Conselho delibera a denúncia junto às autoridades responsáveis na Rede de Proteção”, destaca Rauen. Por fim, o presidente ressaltou que a sociedade é essencial e deve continuamente proteger as crianças e adolescentes, que são prioridade total do Estado de acordo com a Constituição Federal, denunciando qualquer abuso ou violência ao Conselho Tutelar, que fará o encaminhamento do caso junto com a Rede de Proteção e autoridades. 
 

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