Meio Ambiente
Falta do camarão é percebida em restaurantes do litoral
Com a baixa na produção pesqueira, o valor do produto inflacionou
O veranista que sai para almoçar em restaurantes das praias do litoral vem tendo dificuldades para encontrar no cardápio do bufê o camarão do tipo sete-barbas. Isso se deve à falta do crustáceo no mar da região, situação que vem sendo relatada há algum tempo pelos pescadores de Guaratuba. Sem o produto alimentício em grande quantidade, a lei de mercado faz com que o valor de uma simples porção não saia por menos de R$ 45.
Proprietário de um restaurante próximo à orla de Guaratuba, Renato Ebiner afirma que a baixa produção pesqueira, quando o assunto é o camarão, faz com que em seu estabelecimento o produto seja apenas oferecido em porções, com valores cobrados um pouco acima do que nas temporadas de 2015 e 2016. “Não consigo comprar mais do que 15 quilos do produto. E o preço lá com o pescador gira em torno de R$ 28, o quilo”, diz.
Sem o crustáceo em grande escala, o jeito é pagar mais caro para tê-lo como petisco ou prato principal. Segundo uma pesquisa feita em restaurantes de Guaratuba, o preço da porção subiu mais do que qualquer outro produto comercializado nos estabelecimentos do gênero alimentício nas praias. “Infelizmente não sabemos o que está acontecendo para vivenciarmos esta situação, pois quem vem ao litoral quer aproveitar não apenas o sol e a praia, mas também a gastronomia típica dos frutos do mar”, comentou o comerciante.
Um dos pescadores mais antigos de Guaratuba, João Bento Pereira (Zé Bento), não se recorda de um período tão ruim para a pesca do camarão. “Penso que a água do mar, mais fria, nos meses da procriação teria prejudicado a produção”, observou o pescador, que também confessou ter dificuldades para ter uma afirmação mais contundente sobre o que teria ocorrido para o fenômeno. “Saio às 4h da manhã para pescar e volto às 15h com pouco mais de 12 quilos de camarão na rede, isso é muito pouco e inviabiliza a nossa economia”, completa.
HIPÓTESES LEVANTADAS
Na região norte do País, nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte, houve a identificação de uma doença, chamada por mancha branca, no crustáceo que resultou em letalidade do camarão entre junho e dezembro, situação que fez cair em mais de 30% a produção naquelas localidades. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama), não haveria, neste momento, uma relação do episódio observado no litoral norte do País com os acontecimentos no litoral do Paraná.
Contudo, em razão dos problemas com o recebimento do Seguro Defeso por parte dos pescadores em 2016, uma das hipóteses é que o desrespeito ao período de reprodução da espécie possa ter afetado toda a produção. Outro ponto levantado é a questão das seguidas marés altas, entre outubro e novembro, que poderiam ter prejudicado a pesca do crustáceo tanto em baías como no mar.
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