Sou descendente de grego e espanhol. Meus pais encontraram se em Paranaguá e resolveram formar uma família. Morávamos no Alto de São Sebastião. Em um dia, minha querida mãe Dina, tinha anunciado no jantar: "Amanhã vamos para Curitiba". O coração acelerou, misturando se com a ansiedade pela fantástica viagem de trem que faríamos mais uma vez. Nem bem o dia tinha clareado e ouvi um vozerio na cozinha. Eram meus pais preparando o café e o lanche da viagem no fogão à lenha. Todos preparados, despedíamos nos conduzimos ates a rua Manoel Correia, cruzávamos a Rua Nova, até alcançarmos a Rua Júlia da Costa. De lá já se avistava a monumental estação e o coração disparava.
A ansiedade crescia até que, concluídas as formalidades de embarque, o sino repicava e o trem partia vagarosamente ao seu destino. O trem saía exatamente às 7.30 e chegava em Curitiba por volta das 22.30. O percurso era inenarrável e nós, criancas, ficávamos extasiados com as serras, pontes, pontilhões e túneis, tendo um deles mais de 800 metros de extensão, cachoeiras e rios e o verde estupendo. O roncar da Maria Fumaça e sua sirene estridente anunciava as estações, destacando se Morretes, Banhados, Balsa Nova, Piraquara. MAIS O QUE MAIS QUERIA MESMO ERA RECEBER O ABRAÇO AFETUOSO DA QUERIDA E INESQUECÍVEL TIA IZULINA que nos aguardava na capital. Assim que chegávamos, tomávamos a Avenida Cândido de Abreu, rumo ao centro onde em uma das praças para embarcarmos no ônibus que nos levaria à casa da tia. Passar o Natal com a tia mais alegre e esfuziante era tudo que toda criança sonharia. Era o reencontro de primos, tios e tanta gente. Duro, mais duro mesmo era ouvir da minha mãe: AMANHA TEMOS QUE IR EMBORA, SEIU PAI ESTÁ ESPERANDO…
Stalin Grego Venet
Diretor de patrimônio IHGP
Biênio 2019-2020