O jornalista Osvaldo Capetta tem 36 anos, sendo 16 deles dedicados à sua profissão. Casado com a empresária Lais, Osvaldo é pai de Lavínia Maria, de seis anos, e de Luíza, com três. Profissional experiente, começou a carreira na redação da Folha do Litoral, onde permaneceu por quase oito anos, antes de passar em concurso e se tornar servidor público da Prefeitura de Paranaguá.
Em seu currículo inclui a prestação de serviço de Assessoria de Imprensa em diversos órgãos, como sindicatos da orla marítima, Fafipar, Aciap e diversas empresas. Foi correspondente da agência internacional Reuters, em 2004, na cobertura da explosão do navio chileno Vicuña, tendo matérias publicadas em jornais do mundo inteiro.
Capetta foi secretário municipal e superintendente de Comunicação, na Prefeitura de Paranaguá. Atuou também na confecção de jornais de campanha para inúmeros candidatos, de diversos partidos políticos, em diversas eleições municipais e estaduais. Oferece curso de Media Training (treinamento de mídia) para diretores de empresas e políticos que estejam iniciando na carreira e que ainda não conheçam os segredos para dar uma boa entrevista.
E foi nesta entrevista exclusiva à reportagem da Folha do Litoral News que o jornalista contou histórias de sua trajetória, lembrou da época em que era "foca" (repórter em início de carreira) e fez uma análise do momento atual do jornalismo, que vem, segundo ele, “sofrendo uma revolução por conta das redes sociais, que colocaram o cidadão comum também na condição de produtor de conteúdo”. Confira a entrevista:
Folha do Litoral News: Como foi o início no jornalismo e a escolha pela profissão?
Osvaldo: Depois de desistir da primeira faculdade de Letras, e estar procurando emprego, consegui um teste para ocupar uma vaga de repórter na Folha do Litoral, em 2001. Sempre gostei de escrever. Na escola vencia sempre os concursos de redação e aos 12 anos pedi aos meus pais de presente uma máquina de escrever. Assistia aos jornais na TV ainda muito pequeno, porque eles me levavam para um mundo que eu não conhecia. Já estava escrito que eu iria ser jornalista, mas eu me apaixonei pela profissão na redação da Folha. Poucos meses depois de ser efetivado procurei uma faculdade em Curitiba e me inscrevi para o vestibular. Passei e comecei uma maratona de quatro anos subindo a serra diariamente para estudar. Consegui me formar pela Uniandrade, em 2006, e agradeço muito o empenho dos meus pais Odete e Osvaldo, e também o apoio que recebi da própria direção do jornal. Com a Folha aprendi de verdade o que é a atividade jornalística. Jornalismo deve ser o retrato fiel e sem qualquer tipo de influência sobre o que ocorre numa sociedade. O que fugir disso não pode ser descrito como jornalismo de verdade. É o registro que vai ficar para a história, que as pessoas vão buscar como referência no futuro para se informar sobre o passado.
Folha do Litoral News: Trabalhar na redação de um jornal diário contribuiu na formação em sua carreira?
Osvaldo: Digo que foi fundamental. Foi um período de muito aprendizado, mas o bom é que todos os ensinamentos que tive no curso superior eu já executava na prática. A redação da Folha do Litoral foi uma verdadeira escola para mim e tenho muita gratidão aos inúmeros amigos que me ajudaram de alguma forma quando eu passei por este importante jornal. Uma redação de jornal diário é uma verdadeira loucura, com vários profissionais correndo contra o tempo para fechar suas pautas em tempo hábil, telefone tocando toda hora, editor cobrando, fontes não sendo encontradas, saídas que se estendem além do previsto, enfim, é muito cansativo. Lembro que cheguei uma vez a trabalhar por 15 horas, ininterruptamente, e produzi nove matérias, porque tivemos baixas de vários colegas e sobrou para três somente fechar o jornal. Mas o retorno desse trabalho todo era muito bom. Vejo o jornalista como um personagem muito importante da sociedade e tenho bastante orgulho do que faço. Lógico que não são todos que nos aplaudem, porque às vezes têm pessoas que não gostam do que escrevemos, mas faz parte da profissão. De pautas de grande repercussão que fiz na Folha, como a cobertura completa, por três meses ininterruptos, do acidente com o navio chileno Vicuña, até a reportagem com o cidadão comum, que reclamava por algum serviço que não foi lhe oferecido de maneira adequada, tudo foi um grande aprendizado e me fez engrandecer como ser humano. Toda a base para a minha carreira se deve à Folha.
Folha do Litoral News: Qual a frase para você, que relata a profissão de jornalista?
Osvaldo: Jornalismo deve ser o retrato fiel e sem qualquer tipo de influência sobre o que ocorre numa sociedade. O que fugir disso não pode ser descrito como jornalismo de verdade. É o registro que vai ficar para a história, que as pessoas vão buscar como referência no futuro para se informar sobre o passado.
Folha do Litoral News: O serviço público foi uma experiência nova. Como é trabalhar nesta área?
Osvaldo: No último ano da faculdade passei no concurso para a Prefeitura de Paranaguá. Lembro que tive proposta da direção do jornal para assumir como editor-chefe e resolvi recusar, pois buscava a estabilidade. Até hoje me questiono se foi a melhor decisão, porque o rumo da minha carreira seria outro. Mas sou feliz com o que faço, porque sei que também estou ajudando a população de Paranaguá atuando na Secretaria Municipal de Comunicação, agora chefiada pela jornalista Camila Roque. Embora o trabalho jornalístico seja praticamente o mesmo no dia a dia, mas um pouco mais vasto, porque você atua em diversas plataformas, o serviço público não é fácil, principalmente quando você está iniciando. É uma estrutura muito complexa, que tem várias nuances. Muitas vezes o jornalista de Assessoria de Imprensa recebe críticas, por produzir respostas que não são as que alguns veículos esperavam, mas é preciso sempre manter uma relação de respeito e entender que seguimos orientação jurídica para produção de conteúdo.
Folha do Litoral News: Essa experiência na prefeitura possibilitou que você assumisse a Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Paranaguá, na gestão passada. Como é lidar com toda a demanda que a comunicação municipal exige?
Osvaldo: Não sou político, nunca me candidatei a algum cargo eletivo. Sou servidor e estou lá para atender quem quer que seja o prefeito. Até tenho minhas convicções pessoais, mas dentro do ambiente de trabalho sirvo a quem estiver no poder. Assim foi na administração do ex-prefeito Edison Kersten, que me convidou para assumir a Secretaria de Comunicação e depois a Superintendência. A escolha do ex-prefeito foi estritamente técnica, pela bagagem que acumulei em nove anos de prefeitura, e não por questões políticas. Não tenho nada contra a política, porque todos dependemos dela, mas prefiro ficar neutro. Sempre busquei trabalhar com ética, lisura e transparência. Quem me conhece sabe que minha essência continua igual.
Folha do Litoral News: A profissão permite que você também realize trabalhos voltados a assessorar empresas. Como vê este mercado?
Osvaldo: É um grande mercado a ser explorado em Paranaguá, e principalmente hoje, com as redes sociais, o trabalho profissional é importante para consolidar a marca das empresas. Tento conciliar esse trabalho de Assessoria de Imprensa para empresas com as outras atividades que desenvolvo. Já prestei serviço para várias delas, mas também para sindicatos e outras entidades. Também montei um curso de Media Training (treinamento de mídia), que serve para diretores de empresas e também políticos em início de carreira. Eles aprendem como se portar numa entrevista, vão conhecer o universo do jornalismo e receberão dicas preciosas, inclusive de técnicas vocais, qual melhor roupa a usar. Lógico que o conteúdo principal se fixa no jornalismo, mas são dicas importantíssimas, que farão toda a diferença para a carreira destes profissionais.
Folha do Litoral News: Qual avaliação você faz com o advento das redes sociais? Elas estão sendo usadas mais para informar ou para desconstruir?
Osvaldo: O bacana das redes sociais é que hoje o cidadão tem voz. Muitas pessoas que antes não sabiam como meter a boca no trombone, agora descobriram e sabem o poder que tem uma reclamação no Facebook. Acho muito importante isso, como cidadão. Mas como profissional de comunicação de uma prefeitura, o advento das redes sociais representa muito mais trabalho. Quando iniciei, em 2007, monitorávamos jornais e rádios apenas, em horários determinados, e tínhamos escala para tal. Hoje, há uma avalanche de reclamações 24 horas por dia e monitorar isso tudo é humanamente impossível. Lembro que quando estava secretário de Comunicação, várias vezes fui acordado na madrugada por conta de denúncias que pipocavam nas redes sociais. Sabemos que há pessoas que querem somente cobrar soluções para seus problemas, e têm toda a razão para isso, mas algumas passam dos limites. Quando faltam com respeito aí a situação muda de figura, e acho que cabe buscar até a Justiça para reparar danos à imagem, seja da instituição ou da pessoa que foi agredida. Ou seja, assim como em tudo na vida, as redes sociais estão sendo usadas para o bem e para o mal. Fico feliz quando vejo o engajamento social em torno de campanhas para ajudar pessoas com necessidade, para mudança de comportamento social, proteção às crianças, aos idosos, aos animais, por exemplo. Mas é triste ver pessoas se escondendo em perfis "fakes" para denegrir os outros. Isso é lamentável. As redes sociais são muito recentes em nossas vidas e vieram para ficar. Vamos aos poucos nos adequando a essa importante novidade.