Aliar a prática da atividade física com qualidade de vida e interação social é algo que faz com que a ida à academia e a prática de esportes não se tornem uma obrigação, mas sim um prazer para o ser humano. Esta é uma linha de atuação do profissional de educação física e proprietário de academia Ruben Gutierrez Filho, mais conhecido como "Rubinho". No fim de semana em que se comemora o Dia do Profissional de Educação Física em todo o País na data de 1.º de setembro, Rubinho explica como a área evoluiu desde que ele se formou no início dos anos 90, destacando a importância de que os cidadãos procurem a orientação de um educador físico para a prática de atividade física com qualidade de vida e de forma responsável com a realidade metabólica e física de cada um.
Formado em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 1991, pós-graduado em Musculação e Treinamento de Força, com cursos de extensão na área de qualidade de vida e populações especiais, Rubinho também foi presidente da Fundação Municipal de Esportes (Fundesportes) no início dos anos 2000, onde desenvolveu projetos de descentralização para os bairros voltados para os esportes. Confira a entrevista:
Folha do Litoral News: Como escolheu ser profissional de educação física?
Rubinho: Surgiu do fato de eu sempre praticar esportes desde que me conheço por gente. Pratiquei remo, natação, futebol, bicicleta, enfim, todo dia tinha esporte na minha vida, algo que foi muito incentivado por professores que tive, entre eles o professores Miguel, que era goleiro do Rio Branco, professor Darci que ensinava atletismo, professor Bidu que foi meu colega em time de futebol. Sempre tive vontade de trabalhar com público desta forma. Trabalhava como professor de musculação nos anos 90 antes de me graduar, depois tive em mente me formar, algo que realizei na PUCPR.
Folha do Litoral News: Como foi a luta para se formar e para abrir sua própria academia?
Rubinho: Me formei na PUCPR em Curitiba trabalhando em shopping para poder equilibrar as finanças, pois meus pais pagavam minha faculdade. Assim que me formei trabalhei em Curitiba em algumas academias, mas pelo custo alto de vida na capital e pela saudade do litoral voltei para cá. Fui trabalhar com o fisioterapeuta Caetano e depois no Sesc, onde fiz uma parceria com o professor Kiko, onde eles entravam com a estrutura e nós com o trabalho, conseguimos então montar a academia do Sesc. Passados três anos veio a ideia de montar a academia onde era a minha casa, que foi cedida pela minha mãe na Costeira. Foi uma luta muito grande para montar a academia em 2004, foi árduo o trabalho, conseguimos com este propósito de qualidade de vida e de trabalho diferenciado para termos alunos e amigos e não meros clientes. A parceria com o professor Kiko acabou em 2007 e desde então estamos sozinhos com este trabalho na academia.
Folha do Litoral News: Como foi para você ver a sua esposa também se formar em Educação Física após inúmeros anos de casado? Você acredita que a influenciou positivamente a escolher esta área profissional?
Rubinho: Foi uma grata surpresa na minha vida. Após 10 anos de encerrar a parceria e comandar a academia sozinho, a minha esposa Sonia Borges Gutierrez se formou em Educação Física em 2017, ela é atleta amadora e corredora de rua com várias conquistas, resolveu fazer e se formar em Educação Física. Hoje, além de personal trainer, ela tem um grupo de corrida de rua, sem contar que me ajuda no dia a dia da academia, é mãe, esposa e dona de casa. A parceria é com a Sonia em todos os aspectos. A convivência influenciou sim ela a escolher esta área profissional, bem como aptidão física e vontade, ela é um exemplo para mim e para outras pessoas, reforçando que todos podem se formar após uma certa idade, pois ela se graduou com 40 anos. Ela é um exemplo de vida.
Folha do Litoral News: Como você percebeu a evolução da Educação Física nas últimas décadas e a questão do aumento da preocupação da população com a qualidade de vida?
Rubinho: Todas as áreas evoluem e obviamente com a Educação Física não é diferente. Estudos e evidências científicas com ajuda de médicos ajudaram neste sentido. Antigamente, todo mundo queria frequentar a academia pela simples vontade de aumentar a musculatura e de estética e hoje em dia está provado cientificamente os inúmeros benefícios à saúde que isto traz. Falamos que começamos a academia pela saúde e a estética vem na bagagem, mas o foco sempre é a saúde e a qualidade de vida. Consequentemente isto traz uma musculatura em dia, você conseguir praticar seus esportes e ter uma vida saudável. Reforço que a evolução foi muito pelos estudos e evidências científicas com trabalho dos médicos conscientizando, a classe médica está colaborando com esta evolução no tratamento de doenças metabólicas como a diabetes, cardiopatia, osteoporose, entre outras.
Folha do Litoral News: Um dos focos da sua atuação profissional é a questão da atividade física para as pessoas da terceira idade. Qual a importância disso para os idosos?
Rubinho: O que está acontecendo é que hoje em dia, além dos benefícios físicos, a academia ajuda na inclusão social. As pessoas da terceira idade estão praticando academia e esportes para, além dos benefícios físicos e prevenção de doenças, você ter uma interação social. A pessoa vai na academia e conversa, convive bem, faz amizades com pessoas diferentes e consequentemente isto contribui para uma vida saudável.
Folha do Litoral News: Como você desenvolve esta questão de ter o aluno e cliente também como seu amigo?
Rubinho: Eu sempre tive isso como meta. Sempre gostei das pessoas e em trabalhar com o público, algo presente durante toda a minha vida profissional. A minha meta é sempre desenvolver a amizade como meio de se conseguir os alunos, nunca gostei da rotatividade, sempre gostei do trabalho e fazer com que nossos alunos tenham seus objetivos alcançados e que eles se sintam felizes de ter um ambiente agradável. Temos aqui um ambiente familiar, moro atrás da academia, que na verdade é uma extensão da minha casa. Gosto que todos se sintam bem na minha casa, na academia não é diferente.
Folha do Litoral News: Qual mensagem gostaria de deixar aos profissionais de Educação Física e à sociedade?
Rubinho: Aos meus colegas digo que não parem de estudar, que façam cursos, que se atualizem, que procurem sempre ser pessoas melhores na profissão. Para a população digo para que encare a qualidade de vida como um hábito, que isto seja diário, como escovar os dentes, como acordar, enfim, é algo a ser tratado como hábito. Além disso, peço para que procurem sempre um educador físico formado, uma profissão que desde 1998 é regulamentada. Assim como cada um procura um médico, dentista formado, tem que ser igual para o educador físico, que deve ser formado, ter credenciais do Conselho Regional de Educação Física da 9.ª Região (CREF) provando estar regulamentado, de forma que ela faça uma orientação e atue com conhecimento e respeito.