A reclamação é geral: os caminhoneiros deixam os veículos estacionados em lugares proibidos e dificultam o ir e vir dos veículos menores. No entanto, como resposta, os motoristas de caminhão afirmam que são obrigados a deixar os veículos em locais inadequados em razão da ausência de estacionamentos nas empresas onde carregam ou descarregam as cargas. A Guarda Civil Municipal, por sua vez, afirma que notifica constantemente quem desrespeita as leis de trânsito, tornando a situação de transtorno para o dono do caminhão ainda maior.
Independentemente do ângulo de que se olha a situação, o problema existe e é de difícil solução, por isso os donos de caminhões, tidos como vilões da história, pedem por áreas específicas para deixar o veículo em segurança, sempre que não seja possível adentrar o local de destino onde deixará a carga transportada. “Não estacionamos na via pública porque queremos, mas sim porque não temos outra opção”, disse o caminhoneiro José Silvério.
O motorista que preferiu não ser fotografado para não sofrer represálias lembrou que são poucas as áreas de estacionamentos dentro das empresas onde trabalha, situação que o obriga a aguardar a vez do carregamento (ou descarregamento) ao lado de fora da empresa. “Ficamos expostos, pois a questão da segurança também influencia, uma vez que em Paranaguá não se pode deixar o caminhão estacionado em qualquer lugar e, por exemplo, ir a um restaurante sem que na volta não tenhamos sido alvo de bandidos”, lembra Silvério, que é um dos muitos motoristas que justificam a mesma coisa para explicar os motivos pelos quais os caminhões ficam parados em lugares inapropriados.
No entanto, quem sofre com a dificuldade em ter a via livre para a passagem reclama dos caminhões estacionados. “Se a empresa chama o serviço de um caminhão, ela precisa dar conta de ter este veículo em seu próprio pátio. O problema é quando a empresa chama o serviço de vários outros caminhões e não consegue dar fluidez ao movimento de carga e descarga, situação que ocasiona todo este tumulto”, disse o estivador Laércio Souza, que frequentemente se depara com a imagem da rua fechada por caminhões. “Vou de bicicleta para o ponto de chamada, por isso não sofro o transtorno de ter que aguardar os caminhões abrirem passagem, mas entendo a situação de quem precisa passar e se depara com o caos no trânsito”, discorre.
REUNIÕES INFRUTÍFERAS
Em 2015, depois de inúmeras multas aplicadas a motoristas de dentro e fora da cidade que estacionavam em lugares não permitidos, houve uma reunião na Prefeitura de Paranaguá, quando ficaram definidos novos esforços, por parte de empresas portuárias, sindicatos e órgãos de segurança locais, a fim de resolver a situação dos estacionamentos de veículos pesados que, diariamente, têm causados transtornos para a mobilidade urbana da cidade. Contudo, após as primeiras conversas, não houve mais notícias de ações práticas a serem implementadas para amenizar ou dar fim ao problema.