O valor do novo salário mínimo de R$ 937, que entrou em vigência no domingo, 1.º, não é motivo de comemoração para aposentados e pensionistas. Ao contrário, é motivo de críticas e indignação. O aumento de R$ 57, segundo o aposentado Haroldo Nunes, é uma vergonha quando comparado aos reajustes de outras classes. “Eu queria vê-los vivendo com esse salário. Quero ver algum político viver ganhando salário mínimo”, disparou.
O mesmo pensamento é do também aposentado Eugênio Pacheco, que ironizou dizendo que o valor a mais no salário será investido na entrada de um veículo novo. “É um dinheirão, dá até para ir na loja e retirar um carro zero”, brincou. Ambos os aposentados entrevistados lembraram que a inflação real consome um valor muito maior que aquele que será incorporado ao salário mínimo.
A base do cálculo para o reajuste leva em conta a inflação estimada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A estimativa para o INPC em 2016 é de 6,74%, calculada pelo Ministério da Fazenda. A previsão do reajuste constou de aprovação no dia 15 de dezembro, em votação relâmpago no Congresso Nacional, do orçamento da União para 2017. Na véspera, ao justificar por meio de nota o fato de o reajuste ter sido menor que as previsões iniciais, o Ministério do Planejamento disse que apenas aplicou as regras previstas na legislação.
CÁLCULO DO SALÁRIO MÍNIMO
Atualmente, para calcular o reajuste do salário mínimo, o governo soma a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. A fórmula aplicada não permite que haja uma variação negativa no salário mínimo.
Como o PIB recuou 3,8% em 2015, ano que serve de parâmetro para o salário mínimo em 2017, a correção do mínimo no ano que vem levará em conta, pela fórmula adotada, somente o valor da inflação deste ano. Com isso, não haverá alta real (acima da inflação) do salário mínimo no ano que vem.