Na manhã de segunda-feira, 6, a Polícia Civil de Paranaguá realizou uma coletiva de imprensa para detalhar as investigações acerca do atentado a tiro em uma tabacaria, que resultou na morte de uma jovem, de 20 anos, e várias outras pessoas feridas. O fato ocorreu na madrugada de sábado, 4, por volta das 2h, no estabelecimento comercial instalado na Avenida Roque Vernalha, na região da Vila Cruzeiro.
Os delegados Ivan José da Silva Diana e Nilson Diniz, da Polícia Civil de Paranaguá, reuniram a imprensa na Delegacia Cidadã e relataram sobre o andamento das investigações da morte de Sayume Thais Yamanouch Albini, de 20 anos, moradora no bairro Padre Jackson. “Tão logo a Polícia Civil tomou conhecimento a respeito desse crime especificamente, ocorrido na madrugada de sábado, 4, as equipes de investigação já foram para a rua e deram início ao trabalho investigativo e de apuração. Durante todo o fim de semana, as equipes passaram levantando informações, identificando testemunhas, coletando oitiva das vítimas sobreviventes e também identificando câmeras e imagens que pudessem auxiliar os esclarecimentos dos crimes”, destacou o delegado Ivan.
Frequentadores do estabelecimento comercial relataram que dois homens armados e encapuzados invadiram o local e atiraram na direção das pessoas que estavam no estabelecimento comercial. Um terceiro indivíduo teria ficado do lado de fora dando cobertura para a ação criminosa. “Já foi possível estabelecer uma linha de investigação bastante clara, embora ainda haja alguns pontos que precisam ser esclarecidos. Com um trabalho rápido e eficiente, já estabelecemos os supostos autores. Agora, esse trabalho vai ser realizado pelo Dr. Nilson Diniz”, explicou o delegado Ivan.
SUSPEITO JÁ HAVIA SIDO PRESO EM OUTRA AÇÃO
De acordo com o delegado Nilson Diniz, o suspeito pelo crime já havia sido preso pela Polícia Civil. “Ele já foi preso, condenado por outro homicídio e se encontrava agora em liberdade, em razão da legislação processual penal que nós possuímos. Ele já foi inclusive investigado pelo Dr. Ivan, e outro fato que já foi comprovado é que ele já cometeu outro homicídio e agora ele é identificado como um suspeito deste crime tão bárbaro na nossa cidade”, comentou o delegado.
Segundo Diniz, uma operação já foi realizada na cidade de Paranaguá recentemente no reduto dominado pelo suspeito. “Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, inclusive buscamos a captura dele, que já possui em seu desfavor um mandado de prisão, infelizmente ele não se encontrava no local naquele momento, mas a Polícia Civil foca todos os seus esforços para efetivar a captura desse autor. Estamos vivendo um momento muito sensível em nossa cidade, uma disputa entre grupos criminosos, na verdade uma célula de cada grupo criminoso, que vem se matando, atentando uma contra a outra, e infelizmente essa guerra gera alguns efeitos colaterais, como ocorreu na madrugada de sábado, 4”, enfatizou.
De acordo com testemunhas, os suspeitos que entraram na tabacaria teriam apontado para um grupo de clientes e falado, “você de camisa preta”. Neste momento, um dos frequentadores, de 20 anos, morador na Vila Guarani, teria caminhado na direção da dupla. Um dos suspeitos sacou uma pistola e apontou para o rapaz, que reagiu, dando um tapa na mão do indivíduo, derrubando a arma no chão. Rapidamente o comparsa pegou a pistola e começou a atirar na direção de quem estava no local. Mais de 20 tiros foram disparados.
OUTRAS AÇÕES
“Se for necessário nós vamos para o confronto, não vamos deixar o cidadão parnanguara com essa sensação de insegurança. Nós todos, servidores da Polícia Civil, somos moradores na cidade, a sensação de insegurança paira sobre todos nós. Outras ações estão sendo planejadas, ações de peso a serem realizadas pela Polícia Civil para que tanto esses autores já identificados em todos os homicídios que ocorreram nesse ano, eles possam ser capturados”, frisou Diniz.
Mais de 10 estojos e projéteis de munição calibre 9mm foram recolhidos no local do atentado a tiros. O material foi entregue no plantão da Polícia Civil.
GRUPOS CRIMINOSOS
O delegado Ivan disse, na coletiva de imprensa, que essa ação específica na tabacaria foi reflexo de guerra entre grupos criminosos que ocorrem hoje em Paranaguá. “Um dos criminosos verificou um rival da organização contrária no estabelecimento, decidiram interromper o seu caminho e se deslocaram até o local para intimidá-lo, ocasião em que um confronto se iniciou, atingindo todas as pessoas que não tinham nada a ver com a história e que estavam ali. Demonstram de forma clara, um motivo torpe, vil, repugnante, colocando diversas pessoas inocentes que não têm nenhuma ligação e estavam diretamente na linha de tiro, sob o perigo de vida, que foi infelizmente veio a acontecer”, contou.
CRIAÇÃO DA DIVISÃO DE HOMICÍDIOS EM PARANAGUÁ
“Em virtude dessa característica específica e peculiar do nosso litoral, é de suma importância que tivéssemos uma divisão especializada em crime contra a vida, só que essa questão é difícil nós nos envolvermos, nós somos servidores públicos, delegados de polícia, essa é uma questão mais para a Secretaria de Estado da Segurança Pública, do governo do Estado. Obviamente, todo o auxílio que nós recebemos é de grande valia, mas entrar no mérito disse envolve várias questões administrativas, mas seria muito bom”, contou o delegado Nilson Diniz.
PAPEL IMPORTANTE DA POPULAÇÃO
“A Polícia Civil, assim como as demais forças de segurança, trabalha com informação. Então, a população que tiver informação a respeito do paradeiro desses suspeitos pode entrar em contato através do disque denúncia. Outra forma é vindo até a Delegacia de Polícia, essas pessoas não serão identificadas. Nós temos também um canal de denúncias via WhatsApp, que é basicamente de denúncias acerca de homicídios, que é o número: 3420-3612. Seja um áudio, um vídeo ou para qualquer informação pode usar esse WhatsApp e a denúncia é anônima”, reforçaram os delegados.
HOMICÍDIOS EM 2023
Ao todo, o litoral do Paraná tem 34 casos neste ano. A Polícia Civil já instaurou os inquéritos e investiga as autorias e as possíveis motivações para os crimes.