Festa de Nossa Senhora do Rocio Religiosidade

Procissão Terrestre tem mais de 200 anos de tradição

História secular de devoção mostra gratidão dos devotos à Mãe do Rocio

As chamadas procissões  da Igreja Católica são verdadeiras peregrinações, consideradas pelos devotos o auge de suas manifestações em agradecimento as bênçãos e milagres alcançados. No Antigo Testamento da Bíblia, já se pode observar diversas procissões e, após a vinda de Jesus, elas passaram a ser caracterizadas como um seguimento de Cristo. Durante a Festa de Nossa Senhora do Rocio, esses cortejos religiosos são marcados por rostos de todas as idades que expressam a emoção daquele momento e, com a graça alcançada, seguem seu caminho em multidão acompanhando a imagem da santa.

INÍCIO DA PROCISSÃO SOLENE

A Procissão Solene do dia 15 de novembro é a mais tradicional da Festa de Nossa Senhora do Rocio, conhecida também como Terrestre ou Procissão dos Milagres, é o momento em que a imagem da santa é levada até a Catedral Diocesana de Nossa Senhora do Rosário. Esta procissão teve início muito antes de 1813, data de construção da primeira capela dedicada a Nossa Senhora do Rocio. A imagem ia e voltava para a Catedral pela então conhecida Estrada Velha do Rocio, que hoje possui apenas recortes devido à urbanização.
Com a abertura da Avenida Gabriel de Lara, a procissão passou a ser realizada por este trajeto. Nos últimos 45 anos, com a abertura da Rua Professor Cleto, o caminho passou a ser o atual, que possui a feliz coincidência de culminar na lateral da Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário, seu destino.

HISTÓRIA E RELIGIÃO

Nilande Ribeiro Filho é professor e atua há anos em diversas frentes no Santuário de Nossa Senhora do Rocio como voluntário. Segundo sua visão histórica e religiosa sobre a festa voltada à padroeira do Paraná, ele contou sobre a tradição da Procissão Solene, que marca um momento importante da festa e concretiza a fé das pessoas na santa.

 

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“Muitos percorrem o trecho descalços, crianças são vestidas de anjo pelos pais… é um momento de agradecer as graças”, enfatizou o professor Nilande

 

BOMBEIROS CARREGAVAM A IMAGEM

De acordo com o professor, no início da década de 1960, durante a procissão, o andor passou a ser levado pelo Corpo de Bombeiros.

“Isso permaneceu por um período de 10 anos e voltou a ser levada e trazida com o andor pelos devotos de Nossa Senhora do Rocio. Com o andor, é possível vivenciar mais a fé, porque muitos têm suas graças no decorrer do ano e fazem o pedido de carregar o andor por um trecho, para muitos isso é um orgulho”, frisou Nilande.

LENDA DOS DEVOTOS

O professor também lembrou uma lenda que pairava sobre a cidade quando a imagem foi retirada do bairro Rocio e levada à capela de Nossa Senhora do Rosário, onde hoje está situada a Catedral Diocesana. Porém, por duas ou três vezes, devotos visualizaram a imagem voltando ao Rocio, onde foi descoberta, por meio de feixes de luz.
Com isso, entendeu-se que a Virgem havia escolhido o local onde gostaria de permanecer e acolher seus filhos. Assim, a imagem retornou ao bairro Rocio.

“Acharam por bem levar a imagem para o centro da vila, mas a lenda diz que em três tentativas ela sumia e voltava misteriosamente para sua cabaninha, sua humilde oratória. Isso foi um sinal de que ela queria permanecer no Rocio”, salientou o professor.

Por isso que o costume até hoje é realizar a procissão solene no dia 15 até a Catedral e uma de retorno no dia 16. 

OUTRAS DEMONSTRAÇÕES DE FÉ

Com a grande mobilização do povo para acompanhar as procissões, que se disseminaram em todo o Estado e também pelo País, surgiram outras para que a fé pudesse ser ainda mais vivenciada.

PROCISSÃO MARÍTIMA TEM  13 ANOS

Pela população residir próxima às águas e, sendo a baía de Paranaguá fonte de sustento para tantos moradores, além da imagem ter sido encontrada durante a pesca de Pai Berê, às margens da baía, surgiu a necessidade de realização de uma procissão marítima. Foi então que em 2004 esta procissão foi incluída no calendário da festa, o que gera grande comoção a cada ano e resulta em belas imagens de uma simbólica homenagem à mãe do Rocio.

“Pelo fato de ela ter aparecido no mar, essa procissão tem uma participação muito grande de devotos de Nossa Senhora. Ela parte sempre da Rua da Praia, no Rio Itiberê, e chega até o píer do Santuário”, ressaltou Nilande.

 

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Em 2004 foi incluída no calendário da festa a Procissão Marítima, momento de grande comoção que resulta em belas imagens de uma simbólica homenagem à Mãe do Rocio

 

11.ª EDIÇÃO DA PROCISSÃO MOTORIZADA 

Em 2006 surgiu a Procissão Motorizada, com o objetivo de abençoar os motoristas e o trânsito da cidade. Em seguida, veio a Procissão Ciclística, muito em função do alto número de bicicletas presentes em Paranaguá e do meio ser um dos mais utilizados pelos seus moradores para ir e vir do trabalho e também realizar suas tarefas cotidianas. A Cavalgada da Fé é uma das procissões mais recentes, que também vem ganhando força a cada ano.

PROCISSÃO COMO DEMONSTRAÇÃO DE FÉ

Independente da maneira como essa fé é demonstrada, seja por meio de barcos ou bicicletas, a cavalo ou de carro, o parnanguara mostra a sua devoção a Nossa Senhora da maneira como mais lhe toca e mais se aproxima de sua vivência. Tanto que essas manifestações de carinho e gratidão têm ultrapassado o litoral paranaense e atraído mais devotos.

“Podemos dizer que a fé em Nossa Senhora do Rocio é secular, tem se observado nos últimos anos que a participação da população e das pessoas que vêm de fora é cada vez maior, não sei se é por estarmos vivendo em um mundo muito conflituoso”, atribuiu Nilande.

 

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Registro antigo mostra a procissão em 1897, na Rua Visconde de Nácar

 

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