A corrida já tirou muita gente do sedentarismo e criou adeptos em todo mundo que procuraram no esporte um refúgio para os problemas e a busca pela qualidade de vida. E não é só a melhora da saúde física. A melhora da saúde mental é citada como um grande motivador para os corredores que superaram momentos difíceis.
Terapêutico
Entre os inscritos na 3.ª edição da Corrida do Porto está a vendedora e estudante do curso de Educação Física, Joyce Moreira Mendes, que descobriu a corrida há oito anos. Ela foi diagnosticada com câncer de mama e, após algumas cirurgias e uma perda na família, a corrida se tornou terapêutica.
“Desde o início, me apaixonei. Porém, devido a vários acontecimentos ao longo do tempo, acabei parando. Em junho do ano passado, decidi voltar a correr e posso dizer que a corrida tem me salvado. Seis anos atrás, fui diagnosticada com câncer de mama e passei por todo o tratamento”, relatou Joyce.
Um mês após o fim dessa fase de recuperação, seu marido descobriu que também estava com câncer. “Infelizmente, ele veio a falecer. Depois disso, fiz um exame genético e descobri que tenho uma mutação no gene BRCA1. Por conta disso, passei por várias cirurgias preventivas. Quando me recuperei da última cirurgia, em abril do ano passado, fiz uma promessa a mim mesma: que faria tudo diferente e que voltaria a correr. E é exatamente isso que estou fazendo”, ressaltou Joyce.
A corrida acolheu suas dores e lhe mostrou uma nova perspectiva de vida. “Desde que voltei a correr, tudo mudou. A corrida se tornou a minha terapia, me sinto viva, com saúde, e é uma sensação tão incrível que nem consigo colocar em palavras. Além disso, já eliminei cerca de 10 kg desde o início. Comecei a correr e, de forma natural, fui mudando vários hábitos na minha rotina que só me trouxeram benefícios. Posso afirmar com toda certeza: não quero outra vida!”, reiterou a corredora.
Os treinos acontecem ao menos quatro vezes na semana, duas delas com a sua equipe. “Para mim, eles são minha família. A corrida tem esse poder: além dos benefícios físicos e mentais, ela nos presenteia com grandes amizades ao longo do caminho”, afirmou Joyce.
Ela não conseguiu participar das duas últimas edições da Corrida do Porto, mas a inscrição para a terceira edição já está confirmada. “Minha expectativa para essa corrida é enorme. Quando voltei a correr, já dizia: no ano que vem, vou fazer a Corrida do Porto. E tenho certeza de que será uma experiência linda e muito emocionante para mim”, finalizou Joyce.
Evolução no esporte
Foi na corrida que Bruna Carolina dos Santos, de 26 anos, também encontrou acolhimento e força para enfrentar as adversidades da vida. Na pandemia, a empresa em que trabalhava fechou e os funcionários foram dispensados. Sem emprego e com toda a necessidade de isolamento que o período exigiu, Bruna teve que lutar contra a ansiedade.
“A corrida é meu antidepressivo. É o que me faz treinar o físico, cuidar da saúde, mas em primeiro lugar, é o que ela faz para a minha mente. Me liberta de todos os sentimentos ruins. No começo, é difícil, precisa ter constância, mas o resultado chega para todo mundo”, contou Bruna.
No início, ela começou a praticar o esporte de forma esporádica. “Acabei gostando bastante, por incentivo de alguns amigos. Naquele período não tínhamos muito o que fazer, então a gente se reinventou. A corrida me trouxe leveza para esse período difícil”, disse ela, que hoje é analista administrativo na Portos do Paraná.

A partir daí, Bruna não parou mais. Depois da pandemia, procurou uma assessoria em corrida em busca de evolução. “É totalmente diferente correr com assessoria, a gente desenvolve muito a técnica, a resistência, realmente aprendemos a forma certa de correr. Consegui atingir alguns pódios e trazer troféus para a nossa equipe”, afirmou Bruna.
A Corrida do Porto, para ela, é um evento imperdível para quem pratica o esporte. “Não é só uma corrida de rua comum, é uma corrida onde o atleta tem a experiência de vivenciar aquele momento dentro da faixa portuária, algo simbólico para Paranaguá. É uma junção de adrenalina e a possibilidade de ver os navios de perto. Achei as duas últimas incríveis, consegui trazer o troféu de 2.º lugar no ano passado”, enfatizou Bruna.