A Polícia Civil do Paraná segue investigando o assassinato do jornalista Cristiano Luiz Freitas, de 46 anos, ocorrido na tarde do dia 4 de março, em Curitiba. O crime, que tem características de latrocínio (roubo seguido de morte) ou homicídio premeditado, está sendo apurado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O principal suspeito foi preso na manhã desta quinta-feira, 6, inicialmente por um mandado de prisão referente a outro crime, mas agora é apontado como o possível autor da morte do jornalista.
Câmeras e conversas reforçam suspeita
De acordo com o delegado Ivo Viana, responsável pela investigação, a polícia já havia identificado um suspeito logo após o crime. Imagens de câmeras de segurança registraram o homem chegando e saindo rapidamente da residência de Cristiano no dia do assassinato. Além disso, um computador encontrado na casa pode conter registros de uma conversa recente entre a vítima e o suspeito, possivelmente pelo WhatsApp.
“As informações iniciais indicam que Cristiano e o suspeito combinaram um encontro pelo aplicativo. O computador foi apreendido e será analisado pela perícia para confirmar essa tratativa e obter mais detalhes da comunicação”, explicou Viana.
Outro elemento que levanta suspeitas é que o celular de Cristiano não foi encontrado na casa, o que reforça a possibilidade de roubo. A polícia também investiga se outros bens da vítima foram levados.
Crime com requintes de crueldade

Cristiano Luiz Freitas foi encontrado morto dentro de sua casa com as mãos amarradas e a boca amordaçada. Segundo a perícia, a principal suspeita é que ele tenha sido morto por esganadura, ou seja, asfixiado pelo próprio agressor.
“Não havia sinais aparentes de outras agressões, mas encontramos vestígios de sangue no local. O laudo da necropsia vai determinar se o sangue foi resultado de violência física ou de uma queda”, detalhou o delegado Viana.
Suspeito tem histórico de crimes semelhantes
O homem apontado como principal suspeito já possuía antecedentes criminais por extorsão e roubo. Ele foi preso em flagrante por esses crimes em agosto de 2023, mas foi solto no dia 13 de fevereiro de 2025, menos de um mês antes do assassinato de Cristiano.
Além dos crimes cometidos no Paraná, a polícia investiga se ele também tem envolvimento em delitos semelhantes no Amazonas, estado onde nasceu.
Esquema de extorsão e novas vítimas
Na manhã desta quinta-feira, 6, o mesmo suspeito foi preso novamente por envolvimento em um esquema de extorsão, no qual utilizava aplicativos de relacionamento para atrair vítimas, preferencialmente homens homossexuais.
Segundo o delegado Fernando Zamoner, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), o suspeito marcava encontros com as vítimas e, ao se encontrar com elas, passava a extorqui-las sob grave ameaça.
“Ele usava armas de fogo, simulacros (réplicas de armas) ou coação moral, ameaçando divulgar informações íntimas das vítimas. Essa era uma estratégia já utilizada por ele em crimes anteriores”, explicou Zamoner.
Até o momento, seis vítimas já foram identificadas, mas a polícia acredita que o número pode ser maior, já que muitas pessoas deixam de denunciar por medo ou vergonha.
“Nós entendemos que é uma situação delicada, mas é essencial que possíveis vítimas registrem um Boletim de Ocorrência. Isso fortalece as investigações e pode levar à responsabilização do criminoso por todos os seus atos”, reforçou o delegado.
Reincidência e prejuízos financeiros
Após ser solto em fevereiro deste ano, o suspeito voltou a cometer crimes rapidamente. Dois novos casos de extorsão foram identificados nos dias 18 e 25 de fevereiro, com o mesmo modus operandi.
Em uma das situações, uma das vítimas sofreu um prejuízo financeiro de aproximadamente R$ 20 mil, após o suspeito acessar seu celular e realizar transferências bancárias para contas ligadas a ele.
Além disso, a investigação apontou que o criminoso costumava apagar mensagens e rastros das conversas nos aplicativos para dificultar a apuração dos crimes.
“Ele manipulava os celulares das vítimas para excluir as mensagens e registros dos encontros, além de fazer movimentações financeiras ilícitas. Já identificamos algumas dessas contas bancárias usadas no esquema”, explicou Zamoner.
Prisão e próximos passos da investigação
A prisão do suspeito foi resultado de um trabalho de inteligência da DFR, que analisou movimentações bancárias, depoimentos das vítimas e outras provas. Agora, ele segue detido na cadeia pública de Curitiba, onde passará por audiência de custódia.
O inquérito da DFR está em fase final e será encaminhado ao Ministério Público, que poderá denunciá-lo formalmente pelos crimes cometidos.