Coletiva de imprensa com autoridades da área de segurança relatou os casos, ontem, no Paraná
A Polícia Civil do Paraná, em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), prendeu no início da manhã de sexta-feira, 20, seis suspeitos de cometer crimes de exploração sexual contra crianças, durante a operação integrada Luz na Infância.
Segundo o secretário estadual da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita, as informações foram coletadas através da troca de informações de agências internacionais com agências de segurança pública, passadas para a Senasp, que repassou para 24 Estados da federação.
“São 1.100 policiais envolvidos no País inteiro no combate à pedofilia. No Paraná, a Polícia Civil identificou a autoria e materialidade em se tratando de nove mandados de busca. Durante a ação, foram encontrados materiais que davam indício a esse crime e, por conta disso, seis pessoas foram presas e com elas foi encontrado material de pornografia”, disse.
Mesquita também falou sobre as equipes policiais do Paraná que atuaram na operação. “Reconheço o trabalho da Polícia Civil através dos seus núcleos especializados, pois somente com ferramentas técnicas adequadas é que foi possível chegar nessa operação. A Internet induz a uma falsa sensação de impunidade, mas da mesma forma que ela traz essa sensação ela também propicia ferramentas que permitem que a polícia crie ambiente favorável para levar os seus autores para a Justiça”, afirmou.
OPERAÇÃO
A operação, que teve o objetivo de apurar crimes de exploração sexual contra crianças, ocorreu em Curitiba, Maringá e Londrina para cumprir nove mandados de busca e apreensão. Destes, seis pessoas foram presas em flagrante, sendo cinco prisões em Curitiba e uma Maringá, onde foi preso um homem de 29 anos.
Já em Londrina o mandado de busca e apreensão foi cumprido, o que resultou em diversos materiais que serão encaminhados para análise. Outros equipamentos tecnológicos foram apreendidos com os suspeitos presos em Curitiba e Maringá, material que também será encaminhado para o Instituto de Criminalística.
No Paraná, a operação Luz na Infância l foi coordenada pela Núcleo de Combate ao Cibercrimes (Nuciber) e pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente vítimas de Crime (Nucria), com o apoio da Agência de Inteligência da Polícia Civil, e contou com a participação de mais de 40 policiais destas unidades e dos Nucrias de Londrina e Maringá, do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), além da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc).
De acordo com o delegado-titular do Nuciber, Demétrius Gonzaga, a unidade prendeu três homens, sendo um deles um senhor de 72 anos.
“Eles possuíam arquivos nos computadores que demonstravam claramente cenas de pornografia envolvendo crianças e adolescentes. A maioria dos arquivos que vimos até então é internacional, então provavelmente foram trazidos através de repasses da Internet”.
Os policiais do Nucria prenderam um casal, cuja mulher, de 33 anos, é suspeita de abusar do próprio filho, de 11 anos.
“Essa mãe praticava com o próprio filho de 11 anos de idade, filmava esse ato e encaminhava via celular para o padrasto. Hoje, durante a operação para cumprir o mandado de busca e apreensão, foi encontrado um vídeo e constatada voz de prisão no ato”, afirmou o delegado operacional da unidade, José Barreto.
Ainda de acordo com Barreto, a criança tinha denunciado a mãe em maio deste ano, quando o pai registrou um boletim de ocorrência no Nucria. A suspeita da polícia é que o crime era praticado já há algum tempo pela mãe da criança, que tinha a guarda do menino, em parceria com o padrasto. Os dois suspeitos residem no bairro Boqueirão, mas foram presos no bairro Xaxim, em Curitiba.
INFORMAÇÕES
Segundo o secretário Wagner Mesquita, os alvos da operação Luz na Infância foram identificados através de um levantamento de informações pela Senasp e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Com base em informações e evidências coletadas em ambientes virtuais, a Polícia Civil instaurou inquéritos policiais e representou pelas buscas e apreensões junto ao Poder Judiciário, visando a apreender computadores e dispositivos informáticos onde estão armazenados os conteúdos de pedofilia, indiciar e prender os criminosos.
As investigações que resultaram na operação Luz na Infância, diz Mesquita, vêm sendo feitas há seis meses e resultam do aprimoramento do trabalho de inteligência de segurança pública e atuação em modelo de força-tarefa, que reúne em um mesmo ambiente de trabalho policiais com expertise e capacitação na repressão aos crimes virtuais e de pedofilia. Um cenário ideal para coletar e preservar evidências criminosas, garantindo, como consequência, a identificação e posterior condenação dos criminosos pela Justiça.
LUZ NA INFÂNCIA
A operação acontece em 24 Estados brasileiros, para cumprir 172 mandados de busca e apreensão em 184 alvos.
A pedofilia é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença de transtorno da preferência sexual. Pedófilos normalmente são pessoas adultas que têm preferência sexual por crianças pré-púberes ou no início da puberdade. O complexo ambiente da Internet e a ausência de fronteiras no mundo virtual são elementos que propiciam terreno fértil à atuação desses criminosos.
A operação foi intitulada Luz na Infância por serem bárbaros e nefastos os crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes. A Internet facilita esse tipo de conduta criminosa e, via de regra, os criminosos agem nas sombras e guetos da rede mundial de computadores.
Luz na Infância significa propiciar as crianças e adolescentes vítimas de abuso e violência sexual, o resgate da dignidade, bem como, tirar esses criminosos da escuridão, para que sejam julgados à luz da Justiça.
Fonte/Foto: AEN