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Opinião

Engenheiro naval relembra a importância do NV “CUTTY SARK”

Navio Cutty Sark, em ponto turístico de Londres

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Engenheiro naval relembra a importância do NV “CUTTY SARK”

“Como é?”, dirão alguns leitores atentos. “Será que ele sabe do que está falando? Isso é nome de whisky!”.  Sim. Os leitores mais avisados estão corretos, mas vamos aos “fatos reais” (se não fossem reais não seriam fatos, mas boatos).

Na segunda metade do Século XIX, a Grã Bretanha havia adquirido um gosto apurado pelo chá, erva que não cresce no clima frio e pouco ensolarado daquela ilha, mas que provinha do Oriente, notadamente da China e também cultivada no subcontinente indiano. Como havia uma época certa do ano em que a erva estava disponível à comercialização, corria-se para ver quem chegava em Londres com o primeiro chá do ano, vendido a preço bem mais alto do que os que chegavam depois.  Estava dada a largada para surgirem navios mais rápidos do que os navios cargueiros convencionais da época.  Surgiam os veleiros tipo “Clipper”, com muitas velas, esbeltos e com espaço de carga restrito para umas 200 toneladas de chá.

Assim, construído em 1864, surgia o Cutty Sark (“pequena camisola”, do poema “Nannie” do afamado poeta Robert Burns), transportando chá da China para a Europa. Em corrida disputada contra o rival “Termopylae”, teria ganhado a disputa se não houvesse sofrido avarias no seu sistema de governo à altura do Estreito de Sunda, entre as ilhas de Sumatra e Java da atual Indonésia, chegando uma semana depois do concorrente. A corrida de chá por veleiros chegou ao fim ao final do século, com a abertura do Canal de Suez (muito falado nestes dias), onde navios à vela não conseguem navegar em linha reta e sem espaço para bordejar. Relegado a segundo plano, o Cutty Sark foi empregado no transporte de lã a partir da Austrália quando, em uma de suas viagens, estabeleceu um recorde de 360 milhas náuticas navegadas em 24 horas (27,7 km/h) e completando a viagem em apenas 67 dias de mar. Vendido posteriormente a uma empresa portuguesa, passou a navegar entre Lisboa e as colônias lusas, sendo depois reformado na Cidade do Cabo em 1916, passando a denominar-se de “Maria do Amparo”.

Foi adquirido em 1922 pelo Capitão Wilfred Dowman, que devolveu-lhe não só o nome original, mas também seu formato de mastreação e velame, navegando assim até 1954, quando foi levado ao distrito de Greenwich, em Londres (local do Meridiano 00o00’00”), onde permanece até hoje, aberto à visitação pública como museu. A título de curiosidade, merece ser citado que o fabricante do whisky escocês “Cutty Sark” patrocina bianualmente o “Tall Ships Race”, regata mundial em que participam os maiores navios a vela do mundo.

Por Geert J. Prange – Eng. Naval

Foto: Divulgação

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