Além dos presentes e dos enfeites, o Natal é um período de espiritualidade máximo para os cristãos, pois representa o nascimento de Jesus Cristo, que ocorre em 25 de dezembro, sendo uma festa religiosa que ocorre não somente na data, mas durante o mês todo. Segundo o padre Fábio Júnio Bezerra de Lima, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Paz, dezembro é um mês de celebração ao Natal para a Igreja Católica, algo que ocorre pelo tempo do Advento, um período litúrgico onde os católicos se preparam para a chegada de Jesus, com fé e recordação de que Cristo voltará. O padre também explica o que representam símbolos comuns no Natal com intenso significado cristão, entre eles o Presépio e o próprio ato de dar presentes, algo muito maior do que o mero consumismo.
“Para nós fiéis cristãos católicos nós começamos uma preparação para celebrar o nascimento de Jesus, algo chamado de modo bem comum de Advento, que é a junção de palavras que significa advir, ou seja, Ele chegará. Quem chegará? Jesus. Durante quatro semanas nos preparamos para celebrar o Natal de Jesus. Esta preparação começa dia 1.º de dezembro que é o primeiro domingo de Advento, celebraremos quatro domingos até chegar o Natal do Senhor. A importância do Natal para nós cristãos é lembrar que temos um Salvador, Ele já nasceu, viveu entre nós, morreu, ressuscitou, subiu ao Céu, esta é a fé que nós proclamamos. Na liturgia, uma vez ao ano nós rememoramos, recordamos este mistério, celebrando, fazendo memória daquele Natal que o Senhor nasceu, mas também esperando uma segunda vinda, pois, para nós, o Senhor voltará”, afirma o padre.
Segundo o pároco, o período natalino é de memória do nascimento do Menino Jesus e um tempo de purificarmos o coração. “Devemos olhar e pensar que já se passaram 12 meses. Devemos questionar como foi a nossa vida neste período, como vivenciei o meu trabalho, quais foram os meus acertos na minha família, como vivenciei a minha fé, se eu acertei ou errei e se eu errei, o que eu fiz para melhorar? O Natal é o momento onde olhamos aquela Imagem pequenina do Menino Jesus na manjedoura e vemos o quanto Ele era simples, frágil e se doou por nós. A importância do Natal é dizer que nasceu para nós o Salvador, aqui marcamos a jornada da nossa fé”, complementa.
Presépio
“A tradição do Presépio vem a partir do século XII, XIII, sobretudo com São Francisco de Assis. A ideia do Presépio é que montando ele nós possamos acordar em nós estes elementos da fé. Existem muitas maneiras de montarmos o Presépio. Às vezes chegamos em uma Paróquia ou Igreja e vemos o Presépio todo montado já, às vezes a gente vai em algumas Igrejas e podemos pensar que no ano em questão não foi preparado o Presépio, mas isso ocorre porque em algumas Paróquias opta-se por montar o Presépio a cada domingo, às vezes, no primeiro domingo entram as crianças com os animais, no segundo domingo as senhoras com estrelas e outros elementos, no terceiro domingo os senhores com as luzes, os Reis Magos, vão montando, e no último domingo para o Natal do Senhor o Presépio está todo montado”, afirma o pároco.
O padre ressalta que olhar o Presépio traz à mente a lembrança do Evangelho de São Lucas. “Essa passagem traz aquele anúncio de que o Anjo do Senhor anunciou à Maria e Ela concebeu do Espírito Santo. O nascimento de Jesus é este momento que a humanidade inteira é marcada. Quando olhamos para o Presépio também lembramos da Palavra, que Deus nos escolheu, então ele têm este sinal de que foi do Presépio que nasceu toda história da salvação, Deus, olhando para nós, enviou o seu filho, então este é um sinal muito grande”, complementa.
Presentes
“No nascimento de Jesus temos os Reis Magos que visitam Jesus e levam os presentes: ouro, incenso e mirra. A partir deste momento todos nós, chegando o Natal do Senhor e olhando Jesus este simbolismo e as crianças também, pensamos se também poderíamos presentear Jesus. Então, a gente pode presentear Jesus por meio desta relação de fé, mas também olhamos para o outro e temos a intenção de dar presente ao amigo, esposa, namorada, mãe, pai, entre outras pessoas próximas, então, a relação do presente é de que o coração está muito fraterno”, salienta o padre.
O padre salienta que o ato de presentear nos torna mais fraternos, algo que pode ser feito de várias formas, podendo ser pedidos de desculpas, reaproximação junto a familiares. “De modo fraterno, o presente está totalmente ligado ao Natal. Jesus, na sua simplicidade, também recebe presentes. E vamos falar a verdade, receber presente é sempre bom, né?”, ressalta. “Presente está ligado ao Natal e à fraternidade, sobretudo se ele conta com um sentido: desculpas, posso ser melhor, vamos celebrar juntos, vamos fazer isso juntos, que bom que nossa família está unida. Entende?”, aponta.
Solidariedade e atuação da Comunidade Bom Jesus
“O Natal também move à sociedade, a questão do mercado e isso é justo. Não está errado. Passamos nas lojas e compramos nossos piscas-piscas, árvore de Natal, as bolinhas de enfeite, então queremos marcar a nossa casa. Para isso a sociedade se organiza, as nossas lojas, gerando mais emprego, mas também não devemos pensar só na parte financeira. Jesus nasceu pobre, quem é hoje o pobre que está ao meu lado? Pode ser uma pessoa que está dormindo na praça em situação de drogadição e ninguém escolhe viver em drogadição, as pessoas, por algum motivo, são vítimas disso. Ninguém escolhe estar no hospital enfermo, a vida traz isso. Então, quando celebramos o Natal, comemoramos ele com os nossos, com nossa família, mas o nosso coração também pensa no outro”, afirma o padre.
De acordo com ele, uma das maneiras existentes de ser fraterno e solidário nesta época natalina é pensar em formas de ajudar ao próximo. “Tenho uma comunidade aqui na Matriz, tão querida quanto as outras, que é a Comunidade Bom Jesus, da Igrejinha de Pedra, que todos assim chamam. No Natal, durante essas quatro semanas de preparação, eles pedem alimentos, recolhem cestas básicas e antes de celebrar a Missa do Natal, eles saem nas ruas, naquelas casas que as famílias já conhecem, distribuindo de 30 a 50 cestas básicas”, afirma.
Padre Fábio ressalta que moradores que desejam colaborar com a campanha podem levar cestas básicas e alimentos na Secretaria da Paróquia da Paz. “Não precisa se exercer a solidariedade apenas na Paróquia da Paz. Isso pode ser feito na sua Igreja também, na sua comunidade, cada um é chamado a fazer sua ação. Muitas vezes eu tenho 50 camisetas, mas uso 40, tire 10 que muitas vezes nem cabem mais na gente, diga que é Natal e queira que é Natal e há quem queira usar uma camiseta. Temos que dar o que serve e não o que não serve, uma roupa boa, útil, que tenha amaciante, que eu poderia usar, pois têm vezes as pessoas querem doar o que não serve e não adianta isso”, complementa.
“Ir contra o consumismo é fazer uma leitura correta. É Natal, é verdade, nós precisamos consumir, mas nós podemos consumir com responsabilidade, também lembrando do outro”, ressalta o pároco.
Programação da Paróquia Nossa Senhora da Paz
“Há quatro anos nós começamos a reforma da nossa Igreja. Isso é um marco na história da nossa fé católica em Paranaguá. Durante sete anos e seis meses lutamos muito para retornarmos à Igreja. Os padres que passaram também deram sua contribuição, trabalharam com as pastorais, tentaram ajudar na arrecadação de recursos, outros construíram o telhado, então não só eu dei a minha contribuição, como outros Irmãos anteriores a mim também contribuíram. Quando eu cheguei na Paróquia, a minha missão era fazer com que retornássemos à Igreja Matriz, pois já se passavam sete anos que nós não tínhamos Igreja Matriz e era uma dor para a Paróquia, tinha também as comunidades, mas não tinha a Igreja Matriz, rezávamos no Salão Paroquial”, explica o padre.
Segundo ele, na véspera da reabertura da Igreja Matriz ainda era necessária a liberação dos órgãos competentes para poder se rezar na Igreja. “Eu olhei para a comunidade, muito tocado pela Imagem de Nossa Senhora da Paz e disse: vamos rezar o terço na Praça, vamos chamar todo mundo para rezarmos para nossa Padroeira, pois tem coisas que nós fazemos, mas há outras que nós precisamos desta ajuda. Maria Santíssima em nossa fé é aquela a Qual seus filhos pedem. Então, chamamos todo mundo, colocamos a Imagem no meio da Praça, as pessoas trouxeram cadeiras, era uma noite quente em Paranaguá, e as pessoas rezaram o Terço, as comunidades vieram, crianças brincando em nossa praça, isso ficou na mente do nosso povo. Rezamos o Terço e cantamos o Hino à Nossa Senhora”, explica, destacando que, após isso, a Igreja Matriz foi liberada pelos órgãos.
“Todos os anos na véspera de Natal dos últimos quatro anos nós rezamos o Santo Terço na Praça. Neste ano, em 23 de dezembro de 2024, rezaremos o Terço na Praça agradecendo à Nossa Senhora da Paz pelo retorno à nossa Igreja Matriz. Naquele ano, rezamos no dia 23, no dia 24 nós recebemos a liberação e entramos em nossa Igreja depois de sete anos. Eu dizia na homilia que naquele dia a manjedoura de Jesus era a Igreja da Paz, porque Ele nasce aqui dentro. Este é o quarto ano de Terço na Praça e de oração, então eu convido toda a comunidade, no dia 23 de dezembro a partir das 20h, venha rezar o Terço conosco em nossa Praça em frente à nossa Igreja Matriz”, salienta.
Em 24 de dezembro haverá a Missa Vespertina do Natal do Senhor às 19h30. “No dia 25 de dezembro, Natal do Senhor, haverá a Santa Missa também às 19h30 em nossa Igreja Matriz”, informa.
Mensagem aos fiéis
“Caros Irmãos e Irmãs, chegado o Natal do Senhor nós vivenciamos a nossa fé com a alegria de saber que para nós cristãos nasceu o Salvador. A nossa fé é esta, que nós, assim como Jesus, não fazemos acepção de pessoas. Queremos nos confraternizar, rezar com todos os fiéis católicos em nossas Paróquias, participe das Santas Missas, se prepare, é Natal, nasceu para nós o Salvador Cristo Jesus. Isto deve estar acordado em nosso coração. Para todos os outros Irmãos, vivamos esta fraternidade: nós somos Irmãos, filhos de um mesmo Deus, não podemos deixar que nada nos separe e nos divida. O Natal é tempo de união, celebração e de estarmos em nossas famílias, tempo de vivenciar a fé. Agradeço a todos aqueles que na Paróquia da Paz vivenciam a fé, acordam o coração dos outros para estarmos juntos no Natal do Senhor e aqueles que são nossos amigos e amigas que não são da nossa fé, o nosso abraço, nossa fraternidade e nosso respeito”, finaliza padre Fábio Lima.