Transformar um problema em uma solução, com foco na inovação, tecnologia e sustentabilidade: é esta a principal meta da Universidade Federal do Paraná (UFPR) através de um projeto que pretende transformar o lixo doméstico do litoral do Paraná em energia elétrica para 20 mil residências, bem como para unidades de saúde, escolas e outros equipamentos públicos dos municípios da região. Carlos Itsuo Yamamoto, professor titular do Departamento de Engenharia Química e diretor do Laboratório de Análises de Combustíveis Automotivos (LACAUT), atualmente Centro de Desenvolvimento e Inovação da UFPR, destaca que a implementação de uma usina está em fase de estudos e diálogo junto às prefeituras e Porto de Paranaguá, sendo que a tecnologia da UFPR é diferenciada das que já existem, pois não gera gases em quantidade que possam causar doenças e respiratórias e outras doenças como o câncer em seres humanos, sendo um método totalmente sustentável e inovador.
“Nós temos tecnologias que estão maduras e que podem contribuir com o desenvolvimento do litoral e da sociedade. Um desses projetos faz processamento do lixo urbano e transforma em energia elétrica. O processo já existe, mas o problema é que do jeito que é feito hoje gera-se gases que podem estimular câncer e outras doenças respiratórias. O nosso processo já está certificado e não gera esses gases em quantidade que pode gerar problema, está dentro do limite da legislação. Em princípio, ele é a solução mundial para processamento do lixo, porque elimina a necessidade de um aterro sanitário e todos os problemas que cercam isso, o meio ambiente no entorno, mau-cheiro, essas coisas”, ressalta Carlos Yamamoto.
Segundo o professor e diretor do LACAUT, a proposição da UFPR é verificar se há interesse dos municípios do litoral e futuramente colocar uma unidade de processamento de lixo urbano em funcionamento na região. “Essa unidade teria potencial de gerar energia elétrica. Nesse sentido, precisamos ver a capacidade que se quer, mas em princípio isso daí daria para atender 20 mil residências, por exemplo, ou ter energia elétrica para atender creches, postos de saúde, bibliotecas, toda a máquina pública aqui do litoral. Então, a ideia é transformar um problema em diversas novas soluções e com isso o litoral do Paraná pode ser considerado o mais sustentável do País, com outros programas auxiliares, do tipo manutenção da limpeza das praias e outras ações, é possível conseguir esse título, inclusive com atração de turistas e melhoria da própria economia local. É um movimento que estimula tudo aqui no litoral, resolve um problema grande de todos os municípios que é o lixo urbano e com isso conseguimos trazer bem-estar social para quem mora aqui e para quem visita o litoral”, completa.
Operacionalização e futuro
“Fizemos uma reunião de sensibilização por volta de julho e agosto, vieram representantes dos municípios, do Porto de Paranaguá e agora nós vamos manter esta comunicação justamente para dar os próximos passos. No momento, estamos passando por um momento eleitoral onde fica muito difícil a gente alinhar alguma coisa sem saber da continuidade ou não das pessoas, mas passando este período vamos estimular este contato, justamente para ajudar na captação de recursos públicos, conversando com as entidades que financiam este tipo de projeto e aí pretendemos fazer o máximo de esforço para trazer esta tecnologia à disposição da sociedade”, afirma Tamamoto.
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Segundo ele, já existe uma unidade em funcionamento no litoral de Santa Catarina do projeto, destacando que o objetivo é fazer com que a iniciativa seja aplicada no Paraná, visto que a tecnologia foi desenvolvida pela UFPR, revelando que “esta é uma grande mágoa”. “Se Deus quiser, vamos conseguir colocar isso aqui no nosso Estado e o litoral vai ser a primeira unidade, trazendo vários benefícios para todo mundo. O local para instalação deste local será definido em consenso, porque a ideia é resolver o problema do litoral, não de um município só, pois vai faltar lixo para um município. No momento em que todo o litoral se acerta em consórcio, a gente têm solução, por exemplo, para não precisar ficar mandando lixo para outra cidade como para Curitiba e outros locais com aterro sanitário, resolvendo todo o problema aqui no litoral, inclusive no período de temporada, onde há uma população flutuante grande, então vamos tentar resolver tudo isso”, acrescenta.
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“É de grande interesse da UFPR estar promovendo o bem-estar fora dos muros da própria instituição. Essa ação de estar trazendo coisas que melhoram a vida das pessoas também é uma preocupação do LACAUT, porque é possível avançar além do desenvolvimento de tecnologia, esta tecnologia precisa chegar à mão da população para ser considerada uma inovação. Este é o estímulo nosso para estar trabalhando”, finaliza Carlos Itsuo Yamamoto.