Diretor da Paranaguá Saneamento explica que estiagem alcançou a cidade há 15 dias. Rodízio será adotado caso falta de chuvas substanciais prossiga
Na tarde de quarta-feira, 23, o diretor-geral da Paranaguá Saneamento, João Roberto de Moraes, concedeu entrevista na sede da Folha do Litoral News para abordar a situação do abastecimento de água em Paranaguá, visto a estiagem que alcançou todo o Paraná, principalmente Curitiba e a Região Metropolitana (RMC), e que há cerca de 15 dias chegou também a Paranaguá e ao litoral do Estado. Segundo Moraes, caso a falta de chuvas prossiga em Paranaguá e, principalmente na região de lençóis aquíferos e rios que fazem o abastecimento do município, algo previsto meteorologicamente, possivelmente haverá rodízio a ser iniciado entre a quinta-feira, 24, e sexta-feira, 25, com forma de escalonamento que deverá ser divulgado pela empresa à população e terá foco na garantia de água para todas as localidades e o menor impacto possível à sociedade.
“O Paraná vive a maior estiagem em muitos anos que está sendo comparada pelos técnicos com a estiagem de São Paulo entre 2014 e 2016, algo gravíssimo. Com trabalho intenso conseguimos retardar esta estiagem aqui em sete meses, pois em Curitiba e RMC isso está ocorrendo há mais de seis meses. Porém, os lençóis aquíferos que fazem o abastecimento de água em Paranaguá começaram a baixar sensivelmente, algo que ocorre nos últimos 15 dias”, explica o diretor, destacando que se tivesse havido uma chuva substancial de cinco horas nos últimos dias não estaria havendo esta situação preocupante, pois os rios de Paranaguá se recuperam rápido. “A falta de chuva está nos encaminhando para o que chamamos de período de estiagem e que vai nos levar a controlar a distribuição de água na cidade”, salienta.
Segundo Moraes, a previsão é que o rodízio comece a ocorrer ainda nesta semana, caso não haja um volume maior de chuvas. “A nossa previsão ocorre porque o fim de semana tende a ser muito quente e sem chuva. No final de semana passado, o impacto do calor já se fez sentir, com todas as movimentações que fizemos, uma parte sensível da cidade sentiu falta de água na região que vai do Parque São João e vai na estrada sentido Paranaguá – Pontal do Paraná, entre eles os bairros Cominese, Comerciários, Vila Garcia, entre outros. As pessoas sentiram uma diminuição no volume de pressão de água. Há casas, com altura maior do que a das leis, que realmente ficaram com baixa pressão e sem a caixa compreendida”, destaca.
“Para evitar que isso aconteça de forma permanente, preferimos diminuir o abastecimento em partes da cidade, mas manter quem está recebendo água na pressão adequada”, salienta, destacando que o abastecimento segue as normas brasileiras, mas nem isso garante uma eficácia. “Por isso estamos adotando parar o abastecimento em uma parte da cidade em determinado horário, abastece outra parte, e depois você troca. Assim se garante que toda a população vai ter água todo o dia e que conseguirá fazer o seu uso”, explica.
Rodízio e formas estudadas
De acordo com o diretor-geral, caso a cidade prossiga sem chuvas substanciais e a temperatura aumente, como está previsto meteorologicamente, a tendência é que o rodízio seja iniciado, por segurança hídrica e sem estresse para a captação, entre a quinta-feira, 24, e sexta-feira, 25. “Assim conseguiremos passar a sexta-feira e o fim de semana com água. Na próxima semana, está prevista uma chuva de grande intensidade na terça-feira, 29. Como os nossos rios se recuperam rápido, uma boa chuva pode nos dar uma folga de 15 dias, por exemplo. Estudaremos caso a caso”, detalha.
“Hoje o cenário pode ser de paralisar parte da cidade das 0h às 6h, o que não impactaria ninguém e continuaria o abastecimento, para isso é preciso que subam o nível dos rios. Se não subir, poderemos dividir a cidade em duas ou três regiões, onde cada uma delas ficaria sem água por oito horas, as outras duas são abastecidas e faz o rodízio. E por fim, outro método, que me parece ser o mais razoável e justo, dividir a cidade em duas partes, uma fica com água 12 horas e outra 12 horas, garantindo que nessas 12 horas, além da pessoa usar a água, ela consiga carregar sua caixa para poder suportar o período seguinte. Teremos o cuidado de alterar semanalmente o horário desse rodízio, para não fazer com que determinada região só tenha água durante o dia ou a noite”, salienta, destacando que isso será feito com foco em uma justiça social.
De acordo com Moraes, a divisão da cidade em regiões para rodízio também está sendo estudada pela empresa, com foco não somente na questão geográfica, mas no número de habitantes e consumo de água. “Não basta só abastecer a população, temos que garantir o enchimento dos reservatórios que nós temos que funcionam como pulmões e corrigem distorções”, detalha.
“Estamos estudando alternativas também para enfrentar o verão que está vindo e se anuncia com poucas chuvas. Aí não basta apenas fazer isso, teremos que ter outras formas de produzir a água, algo que está sendo estudado”, explica, ressaltando possivelmente o abastecimento pelo Embocuí.
Economia de água e colaboração da população
O diretor-geral ressaltou que a população parnanguara colaborou nos últimos meses com economia de água em suas casas. “Pedimos que ela continue a economizar, pois a população já vem nos ajudando muito. É fundamental falar isso, não basta apenas passar a responsabilidade para os outros. Que a economia continue. Não é momento de lavar carro e calçada e usar a água para qualquer outro fim que não seja o abastecimento e a sobrevivência das pessoas. Se for lavar roupa, pedimos para usar máquina de lavar na totalidade, que deixe um volume de louças na pia para lavar tudo de uma vez, entre outras formas de economia. Parece que isso não faz diferença, mas cada gota conta”, destaca Moraes. “Devemos continuar conscientes, com banhos curtos, fechando torneira quando escova o dente e ensaboa a louça”, acrescenta.