Na última semana, a Portaria n.º 192/2024 da Autoridade Portuária de Paranaguá e Antonina (APPA) anunciou oficialmente a ampliação do nível de calado do canal de acesso aos berços um e dois do Porto Ponta do Félix (PPF), em Antonina. Ao todo, o calado foi ampliado de 8,30 metros para 9,15 metros, algo que permite a atracação de navios com maior capacidade de carregamento no terminal. Autoridades do setor portuário e logístico do Paraná repercutiram positivamente a medida, algo que permitirá um avanço logístico, com repercussão positiva na economia e no setor de navegação.
Segundo o PPF, a mudança na infraestrutura trará navios com maior capacidade de carregamento para serem atracados em Antonina, fazendo com que o terminal seja mais competitivo no mercado internacional e beneficiando a economia paranaense e local. “O Porto Ponta do Félix é responsável pela geração de quase 1,4 mil empregos diretos e indiretos em Antonina, algo que corresponde a cerca de 70% da receita do município”, completa a assessoria.
“Toda a economia num primeiro momento se torna mais competitiva. Tanto de Antonina quanto do Paraná e até do Brasil. Ou seja, o impacto se dá nas cadeias. Então, o Porto podendo operar com maior volume de cargas, todas as cadeias que operam conosco em importação e exportação são mais competitivas”, avalia Gilberto Birkhan, diretor-presidente do PPF. “Para nós representa um avanço e o fruto de um trabalho em equipe com praticagem, com Capitania por Portos, a parte da Marinha e a Autoridade Portuária. Ou seja, o resultado de toda essa soma de esforços vem representar um incremento substancial na capacidade de operação dos barcos que vão performar em Antonina. Tanto na entrada quanto na saída. Importação e exportação de cargas”, acrescenta.
De acordo com o presidente do PPF, entre os desafios dos Portos, um dos maiores é a profundidade de operação, o chamado calado operacional. “Requer muita atenção e recursos. Por isso precisamos celebrar essa mudança significativa no Porto Ponta do Félix de 8,30 para 9,15 metros. Trata-se do resultado da união de esforços entre Praticagem, Autoridade Portuária e Capitania dos Portos (Marinha). Os grandes beneficiados são as cadeias produtivas que importam e exportam produtos/insumos pelos Portos Paranaenses, pois os ganhos de capacidade impactam diretamente no resultado final para todos, sem esquecer da geração de trabalho para a comunidade de todo o litoral, especialmente Antonina. Um resultado final onde todos ganham”, ressalta Birkhan.
Portos do Paraná
“Após a conclusão das atividades de dragagem, com a ampliação dos monitoramentos ambientais e discussões técnicas foi possível alcançar este novo calado, que possibilita um aumento significativo na movimentação de açúcar a granel e capacita o terminal a operar com uma condição propícia para os navios de fertilizantes. Esta ampliação reforça o nosso compromisso de investir continuamente na eficiência dos portos paranaenses”, destacou o diretor de Engenharia e Manutenção da Portos do Paraná, Victor Kengo.
Segundo a portaria da APPA, o novo calado já está em vigor. De acordo com as regras de segurança da Capitania dos Portos do Paraná (CPPR), com isso navios com mais de nove metros devem manobrar em Antonina com maré alta de 1,20 metros e a atracação deve ser por boreste.
Praticagem do Paraná
O presidente da Praticagem do Paraná, prático Gustavo Henrique Alves Martins, destacou que o aumento no alcance do calado operacional para 9,15 metros no PPF é um marco histórico nos portos paranaenses. “Trata-se de resultado decorrente de trabalho intenso realizado pela entidade em conjunto com as autoridades Marítima e Portuária. O Porto Ponta do Félix está instalado a cerca de 9 milhas náuticas do Porto de Paranaguá, precisamente no final do canal de acesso. Por isso, considerando as condições naturais, sofre grande efeito das correntes de maré e alta taxa de assoreamento. Esse cenário exige, além de dragagem regular, uma sinergia muito grande entre os atores envolvidos em prol da manutenção das profundidades e até do ganho de eficiência, como o verificado atualmente. Normalmente, após a realização da dragagem, o calado operacional retornava ao seu patamar original de 9 metros. No entanto, nessa oportunidade, foi possível chegar a 9,15 metros, o que representa 30 pés, permitindo atender a requisitos comerciais para a exportação de cargas sem descuidar da segurança da navegação”, explica.
“Além do trabalho desenvolvido pelas autoridades Marítima e Portuária, o alcance operacional foi obtido graças ao árduo trabalho da Praticagem. Afinal, além de conduzir os navios, a Praticagem participou de reuniões periódicas com os atores envolvidos e promoveu investimento relevante em treinamento e equipamentos, de modo a incrementar o monitoramento das correntes marítimas. A Praticagem realizou ainda estudos aprofundados, como a avaliação da necessidade de mais rebocadores nas manobras. Isso tudo é necessário e importante considerando que a navegação até o porto e a manobra na bacia de evolução estão entre as mais técnicas e difíceis, gerando por consequência maiores riscos”, afirma Martins.
De acordo com o presidente, o canal é bastante estreito, sendo que fora dele há pontos extremamente rasos, ou seja, não há margem para erro e ponto de escape em situação de risco. “Ao mesmo tempo, pode haver corrente transversal ao navio. Muitas vezes a embarcação navega de lado e é necessário compensar a força resultante em função da ação da corrente. Na chegada ao berço do Porto Ponta do Félix, a bacia de evolução é muito pequena, o que requer cuidado redobrado e manutenção de velocidade adequada durante a aproximação, considerando diversos fatores como o vento, a corrente marítima, etc. Isso é fundamental, já que, ao final do canal de acesso, há grande quantidade de pedras, exigindo da Praticagem melhor gerenciamento de risco. Estamos sempre à disposição das autoridades e ficamos felizes em contribuir para a melhoria das condições operacionais nos portos do Paraná”, finaliza Gustavo Martins.
FTSpar
“O aumento de calado do Porto Ponta do Félix é uma conquista para todo o setor, pois gera maior atratividade para todo o complexo portuário paranaense. Seja pela maior capacidade de embarque e descarga das embarcações, seja pela Segurança das manobras de navios e operações, mas principalmente, pela geração de novos negócios, garantindo o incremento da economia local e geração de empregos, entregando ainda mais qualidade e previsibilidade à nossos clientes, sem eles nada disso faria sentido”, afirma André Maragliano, CEO da holding FTSpar, conglomerado de empresas especializadas em soluções logísticas portuárias.
Segundo ele, o aumento permite um ganho de 85 centímetros de calado, algo que que representa de três a cinco mil toneladas de carga a mais que pode ser carregada ou descarregada por navio. “E essa conquista não seria possível sem os esforços da Autoridade Portuária, Autoridade Marítima e Praticagem. Fica o nosso agradecimento ao Presidente da Portos do Paraná e seus Diretores, ao Capitão dos Portos e sua tripulação e à Praticagem de Paranaguá e cada um de seus práticos”, completa Maragliano.
O que é calado?
Segundo a assessoria, o calado refere-se à profundidade do casco submerso na água, algo que influencia a capacidade da embarcação navegar em diferentes áreas e condições. “Quanto maior a profundidade de um porto, maior é o tamanho dos navios que podem atracar e mais produtos podem ser carregados, reduzindo, assim, o custo logístico”, finaliza.
Com informações da Portos do Paraná e Porto Ponta do Félix (PPF)