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Entrevista

Psicóloga fala sobre saúde mental da população idosa durante isolamento

Público está no centro da atenção quando se fala em Coronavírus

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Em meio a medidas de precaução como o distanciamento social e muitas informações circulando, algumas verdadeiras e outras não, pessoas idosas podem ficar privadas de seu convívio social e também ser advertidas de vários modos sobre os riscos de saúde. Esse excesso pode trazer ansiedade, medo e angústia.

Para saber mais sobre como tratar do tema com as pessoas idosas, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) divulgou uma entrevista com a psicóloga Solange do Carmo Bowoniuk Wiegand. Ela é colaboradora do CRP-PR, mestre em Bioética, professora universitária e de cursos de extensão em Tanatologia, membro dos grupos de pesquisa em “Bioética, Cuidados em Humanização e Saúde” e “Bioética, Saúde Pública Global e Direitos Humanos”, ambos na PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Confira a entrevista:

Folha do Litoral News: Quais estratégias adotar para lidar com pessoas idosas que demandam atenção psicológica?

Solange: Para as idosas e idosos, sendo a população com principal risco, esse período pode causar estresse e ansiedade. O apoio emocional da família e amigos, nesse momento, é imprescindível, ajudando a gerenciar as emoções e aliviar a ansiedade. Manter as atividades diárias e as atividades físicas, na medida do possível, também é recomendável. Lembrar que o isolamento social é físico e não precisa ser emocional, uma vez que a comunicação entre as pessoas pode continuar, seja pela internet ou pelo telefone. As sugestões para os idosos que não têm acesso a telefone celular ou internet é de que possam realizar atividades das quais eles gostem e que promovam relaxamento: colocar a leitura em dia; realizar um trabalho manual como o tricô ou o crochê; rever o álbum de fotografias da família e assistir a filmes, são alguns exemplos.

A meditação também pode promover momentos de relaxamento. É importante lembrar ainda sobre a importância do sono, da alimentação saudável e de se seguir as orientações das autoridades sanitárias sobre a higienização das mãos e distanciamento do convívio social. Outro aspecto importante é passar a mensagem de que o idoso não está sozinho, que pode contar com a ajuda de familiares, amigos e vizinhos, que não precisam, por exemplo, sair de suas casas para fazerem compras.

Folha do Litoral News: Como familiares podem conversar com os idosos que porventura não considerem necessárias as medidas de segurança?

Solange: Paciência com os idosos é a palavra de ordem nesse momento. As explicações devem ser francas, sobre como se prevenir contra a Covid-19, e repetidas quantas vezes sejam necessárias. Não é o momento de incutir medo, mas de conversar sobre a enfermidade, inclusive, citando exemplos ou passando vídeos do que já aconteceu em outros países. No entanto, se faz necessário cautela nos comentários sobre notícias sensacionalistas, buscando informações em fontes seguras, principalmente se houver algum familiar infectado, o que pode gerar preocupação e mais estresse, equilibrando também com a informação de pessoas recuperadas e boas notícias.

Folha do Litoral News: Quais os sinais a que idosos e familiares devem estar atentos para indicar que algo não vai bem com a saúde mental?

Solange: O distanciamento social pode provocar nas pessoas ansiedade, irritação, preocupação, estresse e agitação. É possível que o distanciamento social precise se alongar ou se transforme em quarentena, quando pessoas já tiveram contato com alguém doente, quando o tédio, o medo de contrair o vírus, a falta de alimentos e a perda financeira, entre outras, são questões que podem aparecer. Neste momento é preciso estar ainda mais atento a alguns sinais e sintomas de depressão em idosos. Além dos sinais de tristeza e angústia, a diminuição de atividades rotineiras, as dores físicas e a perda de memória devem ser levadas em conta, pois estes fatores podem contribuir para que a saúde mental seja abalada, mesmo que seja por um período temporário. É preciso estar atento e quando necessário buscar o apoio profissional. Psicólogos estão ofertando o atendimento na modalidade online, o que permite o acompanhamento de casos que demandem ajuda profissional, respeitando as orientações sanitárias, adequando a modalidade de atendimento e garantindo acesso ao serviço de saúde mental.

Folha do Litoral News: Como cuidar de quem cuida? Quais os cuidados que as pessoas e familiares que atendem idosos devem tomar em relação à saúde mental?

Solange: O cuidador, seja ele membro ou não da família que cuida do idoso, passa por momentos de sobrecarga emocional ao assumir a responsabilidade pelo cuidado. Diante deste encargo é comum apresentar cansaço físico, tensão, distúrbio do sono e por vezes se sentir depressivo. Assim sendo, ela ou ele também necessita de cuidados e, para isso, precisa da ajuda de outras pessoas. É primordial que tenha algum tempo livre para cuidar de si próprio; relaxar, fazendo alguma atividade que gosta (assistir um filme, ler um livro, são alguns exemplos); executar algum tipo de atividade física (caminhar, fazer ginástica, entre outros).

Complemento com uma frase: “Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”. (Boff, 1999)

Com informações do CRP-PR

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