Entrevista

Professor Renato recorda a Paranaguá de antigamente

Fotos, jornais e troféus mostram uma vida dedicada ao conhecimento

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O professor Renato Thomaz Nascimento Filho é parnanguara e carrega consigo grande parte da história da cidade em diversos segmentos. Aos 82 anos, ele recorda com detalhes muitos fatos que marcaram sua vida. Professor, bancário, advogado, contabilista, atleta, dirigente esportivo e fundador do tradicional bloco carnavalesco Vai Quem Quer. Estas são algumas das inúmeras atividades exercidas ao longo de uma vida marcada pelo trabalho, colhendo amizades com pessoas de toda a cidade.

Casado com a professora aposentada Lídia Nascimento, pai de três filho, possui três netos e um bisneto. Na sala de sua residência no bairro Costeira, local onde vive desde 1972, ele coleciona placas e títulos de reconhecimentos como resultado  de uma vida voltada para o trabalho correto. Aliás, sua sala é um espaço onde ele reúne, com orgulho, as homenagens em meio aos móveis antigos que ele faz questão de ressaltar que são seculares assim como o relógio de parede que há mais de um século indica que o tempo não para, trazendo lembranças que a memória jamais esquece. É sobre vários momentos de sua vida que ele fala nesta entrevista. Confira:

 

Folha do Litoral News: Como iniciou sua vida no esporte?

Renato: Iniciei como jogador aos 14 anos, no Clube Elite Futebol, e mais tarde entrei no Rio Branco e fui um dos maiores artilheiros do Leão. Até os anos 60, joguei com grandes atletas que marcaram época. Por causa dessa passagem bem-sucedida tenho algumas homenagens que guardo até hoje. 

 

Folha do Litoral News: Como foi sua carreira dedicada à educação?

Renato: Lecionei na Faculdade aqui de Paranaguá por 28 anos, me afastei por causa da lei da aposentadoria compulsória, quando fiz 70 anos. Meu trabalho na Fafipar começou de uma forma diferente. Como eu era formado também em Administração de Empresas, fui convidado a lecionar na instituição que na época, final da década de 1970, estava implantando o curso de Administração e precisava de professores formados na área.  Lecionei Administração e Ciências Contábeis através das matérias de organização e métodos e estágio. Iniciei o estágio obrigatório dos alunos e, com isso, acabei criando em Paranaguá o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). Assumi também a vice-direção da Faculdade.

 

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Folha do Litoral News: O senhor trabalhou por muito tempo como bancário. Como era a profissão antes da informatização?

Renato Nascimento: Trabalhei no Banco do Brasil por 32 anos nas funções de caixa e tesoureiro, sempre mexendo com dinheiro. Me aposentei também com 70 anos e, nesse período, eu vi a mudança do trabalho que antes era manual, mais tarde, quando estava saindo, tinha até máquina para contar dinheiro. Antigamente era um trabalho que exigia um cuidado maior. Hoje está muito mais fácil, mas acho que alguma coisa está errada porque as filas aumentaram, parece que mesmo com toda a informatização não houve uma agilidade.  

 

Folha do Litoral News:  A prática esportiva era aberta para toda a comunidade?

Renato: Naquele tempo, o esporte era iniciado na escola. Os padres trouxeram o basquete e assim começou a ser praticado em Paranaguá. Eu joguei muito basquete. O técnico era o padre  Ricardo. O futebol de salão chegou primeiro em Curitiba e logo já começou a ser praticado em Paranaguá, nos idos de 1956. No Futebol de Salão, nós ganhávamos de todo mundo porque na cidade todos os jovens e meus amigos praticavam esporte e assim formavam times fortes.

 

Folha do Litoral News:  Como era viver em Paranaguá nos anos 40, 50 e 60?

Renato: Minha avó era brasileira e meu avô, português. Morávamos ali em frente à Catedral no sobrado onde hoje é a Casa da Música Brasílio Itiberê. Era o único local da  cidade que tinha iluminação, por isso ali era o ponto de encontro das pessoas da cidade. Aquela pedra, marco dos 300 anos de Paranaguá, vi quando colocaram no ano de 1948. Tínhamos duas padarias para atender toda a cidade que na época deveria ter 30 mil habitantes. As panificadoras ficavam na Rua XV, onde é a Casa Cecy, e a outra na esquina da Rua Dr. Leocádio nos fundos da Catedral. Antes de entrar no banco, eu trabalhei na oficina da Chevrolet que foi a primeira do Paraná, nem em Curitiba tinha. Mais tarde comecei a trabalhar na Cia Paranaguá de Armazéns Gerais e na mesma época fundei o Bloco ‘Vai quem Quer’ que desfilou em Paranaguá no Carnaval até a década de 1970. As pessoas faziam as inscrições para desfilar. Muitas fantasias eu quem dava e tudo era muito bem organizado, vencemos por dez anos seguidos. O desfile acontecia por todo o centro da cidade, da estação até a catedral. O tempo passou muito rápido, mas são coisas que jamais iremos esquecer, porque foi um tempo muito bom.

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