Guadalupe Vivekananda Fabry assumiu a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá (IHGP) em janeiro deste ano e, deste então, não tem medido esforços para cuidar do espaço e incentivar que mais pessoas o visitem. A presidente é natural de Paranaguá, se formou em Biologia em Curitiba, estendendo os estudos em diversas especializações e em um mestrado em Manejo de Áreas Protegidas. Guadalupe atuou no Parque Nacional do Superagui em Guaraqueçaba e tem verdadeira admiração pelo Instituto, no qual começou a frequentar por meio do seu pai, há mais de 20 anos. A ideia de se aposentar e de poder se dedicar mais ao Instituto foi concretizada no ano passado e, neste ano, assumiu a presidência por indicação de Maria Helena Mendes Nizio, que permaneceu na função por dois anos. Na entrevista, Guadalupe conta quais os seus anseios a frente do cargo, a importância da valorização da historia e cultura da cidade e das riquezas que devem ser preservadas para as próximas gerações.
Folha do Litoral News: Quais e como acontecem as atividades do Instituto?
Guadalupe: Por enquanto abrimos as segundas, quartas e sextas das 14h às 17h, pois estamos nos organizando, a nossa ideia é abrir a semana toda. Recebemos no dia a dia muitos visitantes, que gostam de ver as doações que foram feitas pelas famílias mais antigas, das igrejas, temos um acervo muito grande de materiais. Temos ainda a pinacoteca, com vários quadros de pessoas que fizeram muito por Paranaguá e pelo Paraná. Recebemos esses visitantes e também alunos de escolas e alunos que vem fazer pesquisa pela faculdade. Temos mais de cinco mil livros e agora quase todos escaneados. Por isso, quando a pessoa vem aqui ela já sai com o pen drive com o material que precisa. Temos um patrimônio que precisa de todo um trabalho para ser cuidado.
Folha do Litoral News: Qual seu principal objetivo frente ao cargo?
Guadalupe: O objetivo é tornar o Instituto Histórico cada vez mais aberto à comunidade de Paranaguá. Como é um prédio antigo, precisamos fazer algumas manutenções, modernizar algumas coisas, e manter aberto para que as pessoas possam vim pesquisar. Precisamos melhorar a parte de informação, um site adequado, para aquelas pessoas que não podem vim aqui, mas podem conseguir aquele livro, precisamos de uma ferramenta que faça esse link. Ao mesmo tempo precisamos manter esse patrimônio, manter esse prédio que é histórico. O Instituto vai fazer 86 anos em setembro deste ano, por isso muitas pessoas gostam de vir aqui e queremos também manter esse acervo.
Folha do Litoral News: O Instituto tem a missão de resgatar a historia e não deixar que esses registros se percam, você acredita que a população reconhece o espaço?
Guadalupe: Não muito, precisam aproveitar mais, precisam ver que este espaço é aberto. Há alguns anos, O IHGP tem se mostrado aberto à população. Estamos buscando uma parceria com a Unespar (Universidade Estadual do Paraná), com o curso de Historia, porque os estudantes podem ter uma vivência aqui do que é conservar o patrimônio. Este público é bastante significativo. Eles pesquisam e vão gostando do ambiente. A ideia é fazer com que as pessoas realmente venham a assumir mais o Instituto Histórico. As pessoas às vezes fazem um pouco de confusão, o IHGP é uma entidade particular, sem fins lucrativos, formada por sócios. Mas, tem o papel de uma entidade pública, porque ajuda na manutenção da historia de Paranaguá.
Folha do Litoral News: O que é preciso para que a comunidade valorize mais todo o material mantido pelo IHGP?
Guadalupe: Acredito que as pessoas precisam conhecer mais para valorizar. Saber que aqui é um centro de pesquisa, tem ferramentas para realizarem seus trabalhos de final de curso, de pós-graduação. O que mais chama a atenção daqueles que vem pela primeira vez é a parte que chamamos de Museu, mas na verdade é um local que tem muitas doações de pessoas aqui de Paranaguá, da comunidade árabe, de médicos, de dentistas, que mostram ferramentas antigas que eram utilizadas, tem moedas, cédulas antigas de outros países, o público gosta muito dessa visita. Fazemos questão que conheçam também a biblioteca. Muitos que nos visitam relatam que há anos moram em Paranaguá e nunca tinham entrado e quando conhecem, gostam. Queremos manter um ambiente no qual as pessoas pudessem chegar aqui e se sentir parte.
Folha do Litoral News: Como a comunidade pode participar mais do IHGP?
Guadalupe: Nós temos reuniões mensais toda última segunda-feira do mês, às 18h, aberto a todos, no auditório do MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia). Trazemos sempre um palestrante e, nesta segunda-feira, dia 24, teremos um astrônomo, que vai falar sobre planetário solar indígena, pois foi inaugurado no último dia 19 de abril, Dia do Índio, esse planetário na Uninter em Curitiba. Todas as palestras são de cunho histórico e geográfico.
