A irmã Maria Tarcísia de Jesus, de 56 anos, completou 10 anos de atividades na direção do Asilo São Vicente de Paulo. Ela chegou a Paranaguá no dia 5 de março de 2010.
Natural da cidade mineira de Diogo de Vasconcelos, ela concluiu a formação religiosa no Rio de Janeiro, no Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho, congregação que tem mais de 50 anos de existência. É sobre sua trajetória religiosa e chegada a Paranaguá que ela fala nesta entrevista. Confira:
Folha do Litoral News: Como a senhora descobriu a vocação religiosa?
Irmã Tarcísia: Minha vida religiosa iniciou aos 14 anos de idade. Meus pais eram muito católicos e me deram todo o apoio em largar tudo por causa do Reino de Deus. Assim segui a vida religiosa iniciando no Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho, onde adquiri toda a formação. Me formei aos 18 anos, quando fiz os votos perpétuos iniciando uma jornada na qual estou até hoje, com amor e dedicação.
Folha do Litoral News: As jovens de hoje têm interesse em seguir a carreira religiosa?
Irmã Tarcísia: Houve uma redução, mas foi uma fase que passou. Estamos em um momento bom, pois há um número bem grande de jovens interessadas em seguir a carreira religiosa. Esse aumento é resultado de um trabalho que vem sendo feito pela própria congregação. Aqui em Paranaguá, algumas meninas já vieram pedir informações sobre a carreira religiosa. Elas querem saber como devem fazer para iniciar. E nós damos as instruções e conselhos mostrando a responsabilidade que é assumir um compromisso religioso.
Folha do Litoral News: Como foram os primeiros anos de congregação?
Irmã Tarcísia: Após formada no Rio de Janeiro, permaneci lá por 18 anos. Iniciei trabalhando em uma creche, onde fiquei por três anos e meio. Depois fui trabalhar no Asilo São Vicente, em Caxambu, Minas Gerais, e depois eu retornei a trabalhar com crianças no Rio de Janeiro, diretamente com menores abandonados. Foi uma experiência muito valiosa. Depois retornei a Minas Gerais, só que desta vez fui trabalhar em um hospital, e de lá vim para Paranaguá.
Folha do Litoral News: Como foi sua chegada a Paranaguá?
Irmã Tarcísia: Eu cheguei a Paranaguá no dia 5 de março de 2010. Vim para cá a pedido da diretoria do Asilo São Vicente de Paulo. Foi um convite que veio do padre André Buchmann, que estava em Roma e conheceu um padre brasileiro. Este padre me indicou, contando a história da minha congregação, de Nossa Senhora do Bom Conselho. O convite chegou até mim e eu prontamente aceitei, porque sempre gostei de encarar desafios. Fui muito bem recebida na cidade. Até hoje me orgulho em dizer que me sinto querida por todos em Paranaguá.
Folha do Litoral News: Como estava o asilo em 2010 quando a senhora chegou?
Irmã Tarcísia: A situação era precária. Ao longo desses 10 anos foram feitas várias reformas com apoio da comunidade e de empresas como a Multitrans. Naquela época, viviam no asilo 39 idosos e hoje estamos com 45. Realizamos a ampliação do espaço físico e a melhora no atendimento.
Folha do Litoral News: Qual é a maior dificuldade que o asilo enfrenta na atualidade?
Irmã Tarcísia: Amanutenção do Asilo São Vicente de Paulo é cara porque um idoso custa, em média, dois mil reais, então imagine manter 45 idosos com a demanda de limpeza, alimentação, higiene pessoal e ainda as contas para pagar como gás e luz. É algo muito caro para nós, então a dificuldade maior é a financeira e a folha de pagamento de funcionários é uma coisa difícil para nós. Temos um repasse da prefeitura que nos ajuda a pagar essa folha. Eles pagam 12 cuidadoras e assistência social, fisioterapeuta, duas enfermeiras e a nutricionista. Esses profissionais ficam na folha da prefeitura então supre uma parte da nossa dificuldade.
Folha do Litoral News: A população de Paranaguá é solidária?
Irmã Tarcísia: Sempre que fazemos algum pedido de algo que estamos precisando a resposta é rápida. Seja pelos veículos de comunicação ou pelas redes sociais, sempre somos atendidos, isso mostra que o povo é muito solidário e busca a união para fortalecer essa solidariedade. Em nosso último pedido, tivemos uma resposta expressiva com o recebimento de leite, café, açúcar, chá-mate e biscoito. Agradecemos sempre a boa vontade da população de Paranaguá. Às vezes, eu paro e penso como tem gente boa nesse mundo. Isso me faz agradecer todos os dias.
Folha do Litoral News: O que o local está precisando neste momento?
Irmã Tarcísia: Nós realizamos várias campanhas, recebemos bastante bolacha, chá, através de pedidos que nós fizemos nas redes sociais. Agradecemos todas essas entregas que supriram nossas necessidades maiores. Estamos precisando de congelados, nosso freezer está vazio. Peito de frango e peixe, que a nutricionista utiliza no almoço, quem puder nos ajudar, agradecemos de coração.