A gestora do projeto de Empreendedorismo do Sebrae Litoral, Caren Santos, é natural da cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, formada em Turismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduada em Gestão de Cidades e Empreendimentos Criativos pela Universidade Nacional de Córdoba, Argentina. Atuou por 10 anos na Secretaria de Estado do Turismo, passou pela Secretaria de Estado da Cultura em um projeto de Economia Criativa e já está há três anos no Sebrae. Nesta entrevista, a gestora revelou qual acredita ser o perfil do microempreendedor no litoral do Paraná. Além disso, explica o funcionamento dos projetos do Sebrae e como eles têm ajudado as micro e pequenas empresas a alçarem voos mais altos e se destacar no mercado. Para quem possui o sonho de ser dono do próprio negócio, Caren contou sobre as áreas que estão em alta e como aproveitar as oportunidades que o litoral oferece. Confira:
Folha do Litoral News: Qual o perfil do microempreendedor do litoral paranaense? É aquele que se arrisca mais ou aquele mais cauteloso com relação aos negócios?
Caren: No geral, o perfil das micro e pequenas empresas é bem variado. A gente tem aqueles mais conservadores, inclusive o negócio é mais conservador, empreendedores mais resistentes à inovação, mas que muitas vezes se mantêm no mercado. Mas, temos também empreendedores inovadores que buscam outros setores. No litoral, temos uma concentração maior na área de serviços e comércio e dentro deles há vários segmentos. Temos empresas que nasceram no Sebrae e estão no mercado, como empresas que têm 30 anos de história.
Folha do Litoral News: Quais os serviços oferecidos pelo Sebrae hoje?
Caren: O Sebrae tem sete linhas de atuação, coisa que pouca gente sabe. Temos atuação na área de ambiente de negócios, que atua em parceria com as prefeituras para melhorar a parte burocrática para abertura e fechamento de empresas. Se a cidade tem um ambiente de negócios favorável, as suas atividades econômicas vão florescer. A Sala do Empreendedor é uma parceria com a prefeitura para atendimento do microempreendedor individual (MEI), com consultoria gratuita, oficinas de como controlar o dinheiro, como vender, como participar de licitações etc. O volume de atendimento é muito maior nas salas do empreendedor, muitas pessoas que querem abrir um negócio próprio procuram a sala também. A linha de atuação do empreendedorismo é o atendimento de massa do Sebrae para orientação a futuros empresários. Temos parcerias com Associações Comerciais, normalmente para fazer cursos e capacitações. Possivelmente até o fim de outubro e começo de novembro vamos abrir um ponto de atendimento do Sebrae junto com a Associação Comercial de Guaratuba. Temos a linha também de educação empreendedora, que trabalha os futuros empresários, que são crianças e adolescentes. Temos um processo aqui no litoral que são as certificações de indicação geográfica, são produtos característicos do litoral do Paraná. Trabalhamos com restaurantes na região de Morretes sobre o barreado e a bala de banana, que depois vem um selo de identificação geográfica como é o champagne só na região de champagne. Temos ainda a linha de startups, que trabalha com inovação, que não possui hoje uma atuação forte no litoral.
Folha do Litoral News: Qual área está mais em alta para empreender?
Caren: Isso é muito relativo. Varia de acordo com a característica do município e com a região. Existem as macro tendências como restaurantes ou como teve os foodtrucks, que eu não sei se realmente vão pegar. Precisa ter uma regulamentação, ver onde pode parar na rua, pois dependendo do município, a prefeitura não deixa parar, por isso tem que trabalhar todo o ambiente de negócios. Hoje, está muito em moda as barbearias “gourmetizadas”, em que as pessoas procuram experiências de provar uma determinada cerveja ou jogar sinuca enquanto esperam e este diferencial atrai as pessoas. A questão do foodtruck está dentro de uma macro tendência baseada na rapidez, serviços fácil e ágil. E aí surgem os nichos e as oportunidades.
Folha do Litoral News: E até que ponto vale investir nessas tendências?
Caren: Vai muito do planejamento da atividade. É o empreendedor pensar no plano de negócios, a proposta de valor que vai entregar e é nisso que o Sebrae ajuda. Temos capacitações específicas para quem quer começar o negócio. No caso do foodtruck, temos que pensar e avaliar, quantos existem em Paranaguá? Que serviços oferecem? Onde eles param? Quanto vou gastar? Quanto tempo vou demorar para ter o retorno? Que parceiros e recursos eu tenho? Qual será meu diferencial? Podemos dar algumas dicas, mas o diferencial quem tem que dar é o empresário, no que ele está disposto a fazer.
Folha do Litoral News: No litoral, em especial nas praias, há negócios que ficam abertos somente durante a temporada. De que forma o empresário deve se preparar para essa sazonalidade?
Caren: Existe uma oportunidade no litoral como um todo de empreendimentos no setor de alimentação e de entretenimento, propostas diferenciadas. Se fizermos uma análise hoje, temos poucos desses. Paranaguá, por exemplo, tem uma dinâmica de vida, de negócios, tem um público e temos cerca de dois restaurantes de referência. Na área de entretenimento temos pouquíssimos. Temos que ver como sobreviver com um empreendimento desse tipo, porque talvez terá uma demanda maior na temporada ou qual o público que devo atingir para me manter. A gente sempre orienta a pesquisar empreendimentos parecidos, ver qual é a dinâmica, os erros e os acertos, para depois investir.
Folha do Litoral News: A tecnologia mudou a forma das empresas se comunicarem com seus públicos, o empreendedor do litoral já está adaptado?
Caren: Já tem algumas empresas adaptadas, mas ainda há muito a evoluir. Tem um campo bacana para ser explorado. Uma das palestras que temos feito na Sala do Empreendedor se refere a como captar clientes e divulgar através das mídias sociais. Porque é preciso saber usar, não é só criar a página no Facebook, é preciso alimentar, saber como responder, pois há elogios ou críticas e pode se perder a chance de fidelizar o cliente. A tecnologia aproximou muito mais e está exigindo mais do empresário. A exemplo, tem uma empresa que abriu conosco, por meio de uma capacitação, que faz sucos detox, alinhada a uma macro tendência de saúde, alimentação saudável, eles viram que tinham um campo e fazem entrega com comunicação pelo WhatsApp. Por isso, ao invés de investir em uma mídia tradicional, em um ponto fixo, funciona. Mas, tem que ter alguém que responda, que dê dinamicidade. Vejo que hoje tem mais empresas se apoiando nas tecnologias, mas ainda há um campo para melhorar. E aí vai muito das nossas capacidades de município, em alguns locais não há o acesso à Internet 3G. Orientamos as empresas que se forem abrir um empreendimento, que trabalha alimentação e entretenimento, tem que ter tomada e wi-fi, porque as pessoas estão conectadas.
Folha do Litoral News: Deixe suas considerações finais.
Caren: O Sebrae está à disposição, não só para empresários, mas também para instituições que queiram fazer parcerias. Temos feito algumas ações para construir um pouco mais esse relacionamento para levar palestras como, por exemplo, sobre formalização do MEI. Estamos abertos a isso e a ideia é levar mais coisas características do litoral.