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Educação

Unicef aponta que 3,8% dos estudantes brasileiros abandonaram a escola em 2020

Situação se agravou na pandemia

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A pandemia impôs dificuldades para a área da educação, que precisou se adequar as atividades remotas para que os estudantes não fossem prejudicados. E a evasão escolar, que tenta ser combatida há anos no País, foi intensificada. Um estudo divulgado pelo Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para Infância) revela que, em 2020, 1,38 milhão (3,8% dos alunos), com idades entre seis e 17 anos, abandonaram as instituições de ensino. A taxa superou a média nacional de 2019, quando ficou em 2%, segundo a Pnad Contínua.

Intitulado “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, o estudo foi divulgado em janeiro deste ano, e aponta o perfil desses estudantes que abandonaram os estudos.

“O perfil deles é bastante conhecido: concentram-se nas regiões Norte e Nordeste, são muitas vezes crianças e adolescentes negros e indígenas ou estudantes com deficiências. Com a pandemia da Covid-19, foi esse, também, o grupo de estudantes que enfrentou as maiores dificuldades para se manter aprendendo – agravando as desigualdades no País”, afirmou o Unicef.

Para mudar essa realidade, o Unicef acredita que é preciso haver um esforço conjunto de governo, sociedade e comunidade escolar para conhecer a fundo o problema. “A escola precisa ser um lugar onde se conhecem, se debatem, se constroem e se reconstroem conhecimentos sem ameaças. É preciso rever os currículos, a avaliação das aprendizagens e os cotidianos escolares, criando espaços inclusivos, em que todos tenham direito a trajetórias de sucesso escolar”, afirmou Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

IFPR Paranaguá

Impacto da pandemia no IFPR foi maior nos cursos de Graduação (Foto: Divulgação IFPR Paranaguá)

O diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFPR (Instituto Federal do Paraná), campus Paranaguá, Leandro Gumboski, explicou que não é possível precisar o número exato de estudantes que deixaram os estudos na unidade. “O que podemos afirmar é que todos os anos temos evasão, e 2020/2021 não tem sido diferente. O que há agora, de fato, é uma dificuldade maior, tanto dos profissionais da educação formados e habituados ao ensino presencial, quanto para os estudantes”, esclareceu.

A instituição está em fase de conclusão do ano letivo de 2020 e início do ano letivo de 2021. “Os dados do Campus Paranaguá do IFPR estarão disponíveis na Plataforma Nilo Peçanha, assim que o cronograma do censo 2020 for concluído”, afirmou Leandro.

O campus oferta Ensino Médio integrado a cursos técnicos, cursos de Graduação e Pós-Graduação. “Os índices que parecem ser consequência da pandemia são um pouco mais evidentes nas graduações e, dentre os motivos que identificamos, parece-me que o principal diz respeito ao perfil dos estudantes, já maiores de idade, na ampla maioria trabalhadores, cuja rotina familiar afetada pela pandemia e a crise econômica no País os obrigou a privilegiar o emprego e a família em detrimento dos estudos. Isso é observável, por exemplo, no número um pouco mais elevado de pedidos de trancamento de curso”, observou o diretor do IFPR Paranaguá.

Estratégia adotada

Segundo ele, o campus normatizou, desde o início da pandemia, três dinâmicas diferentes de oferta de ensino remoto. “Em meados de 2020 tivemos um período que chamamos de atividades pedagógicas não presenciais, em que alguns componentes ofertaram parte da carga horária e a participação dos estudantes não era obrigatória, porque o calendário permanecia suspenso. Qualquer carga horária ofertada neste período foi reposta posteriormente com a reativação do calendário”, relatou Leandro.

Em seguida, foram reativados os calendários de 2020 em um sistema que ficou conhecido como Regime Didático Emergencial. “Se caracterizava pelo cumprimento da maior parte da carga horária dos componentes via atividades postadas on-line ou, em casos muito específicos, ofertadas de modo impresso”, contou o diretor.

O IFPR está iniciando agora o ano letivo de 2021, voltando a contar com aferição de dias letivos e, mesmo remoto, com aulas diárias, complementadas com a elaboração de atividades. “O trabalho dos docentes foi alternado no sentido de, antes, planejar uma aula com metodologia expositiva-interativa, para a elaboração de materiais didáticos que permitissem aos estudantes ter acesso ao conhecimento que se pretende desenvolver”, afirmou Leandro.

Também foi viabilizado o empréstimo de equipamentos, como computadores, para subsidiar parcialmente o trabalho remoto dos servidores. “Aos estudantes foram ofertados programas de empréstimo de equipamentos como celulares e notebooks, bem como pacotes de internet”, destacou o diretor da instituição.

Foto de capa: Pixabay

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