Maria Aparecida Borssali Miorali, a Cida da Catedral, desde 1996 vem atuando como professora voluntária. A escolha foi uma decisão pessoal motivada pelo prazer em querer ajudar o próximo.
Formada em Psicologia e Ciências Religiosas, Cida atuou por muitas décadas como professora registrada em várias escolas de Paranaguá, mas foi como voluntária que ela redescobriu o valor da profissão. Ela afirma que nas situações em que não está envolvido dinheiro existe muito mais valorização. “Os alunos são mais agradecidos e no meu caso estou há 21 anos trabalhando com idosos que entram nas aulas sendo analfabetos e aprendem a ler e escrever. Hoje eu me orgulho em ver os ex-alunos que seguiram em frente. Temos alguns que estão fazendo faculdade”, conta.
Para Cida, os alunos mais velhos que recebem o aprendizado de professores voluntários são muito gratos.
“Eles reconhecem muito mais o trabalho do professor porque eles necessitam deste conhecimento. Não é o caso dos adolescentes, quando eu dava aula sendo registrada e ganhava salário, era uma situação completamente diferente. Eu não sei se nós ficamos mais felizes com eles, ou eles com a gente, porque nós nos doamos integralmente a eles neste momento”, ressalta.
Recentemente, a professora Cida fez um levantamento e verificou que cerca de 4 mil e 500 alunos já passaram pelas aulas de alfabetização da Catedral. O tempo de aprendizado, o que os professores chamam de ‘despertar’ varia entre cada um, ou seja não existe um período pré-determinado para a conclusão dos estudos que são equivalentes às séries iniciais do Ensino Fundamental (1.º ao 5.º ano).
Professora trabalha com idosos que entram nas aulas sem saber ler e escrever
Cada turma possui sua coordenadora de turma e suas auxiliares, incluindo estagiários, todos atuando voluntariamente. O espaço hoje é denominado como centro de convivência e a atividade executada é a alfabetização, neste sentido o ‘calor humano’ assume o papel preponderante. “Recebemos na escola muito amor, carinho, satisfação e saúde. Muitas vezes, recebemos professores voluntários depressivos tanto quanto nossos alunos, mas chegando aqui elas percebem que os alunos têm muito mais problemas e, assim, elas começam a dar força para os alunos e esquecem os seus problemas”, explica.
As aulas de alfabetização da Catedral iniciam com a terapia do abraço, professores e alunos trocam essas experiências através da acolhida antes do horário de aula feita pela professora Cida. O contato faz com que haja um maior intercâmbio emocional, motivando alunos e professores que passam a atuar em um ambiente fraternal.