Na tarde de quinta-feira, 30, o Grupo de Alfabetização da Catedral realizou uma confraternização de final de ano com os 50 alunos do projeto, entre idosos e adultos participantes do programa que atua na inclusão por meio da alfabetização e resgate da autoestima. Segundo a coordenadora geral do grupo, Maria Aparecida Miorali, a Cida da Catedral, a iniciativa foi criada em 1996 e hoje conta com um total de 10 voluntários, com apoio da sociedade por meio de empresas e cidadãos.
"O objetivo do grupo é alfabetizar jovens e adultos, jovens que não tiveram oportunidade de trabalhar no tempo regular e idosos que não tiveram tempo para estudar até agora, como tiveram família, muitos cuidam do neto, enfim. A importância é fazer o resgate da cidadania, da autoestima e da dignidade do ser humano, que muitas vezes não se sente digno por não saber ler e escrever", explica Cida da Catedral.
Segundo a coordenadora, os 50 alunos participantes são de Paranaguá e de municípios litorâneos, demonstrando que a ação já possui alcance regional. Com a alfabetização, coisas simples, como pegar um ônibus, tornam-se possíveis para idosos que antes não conseguiam nem ao menos ler placas e utilizar o transporte coletivo sem ajuda de alguém.
Cida classifica o voluntariado no grupo como um trabalho maravilhoso.
"Muitas vezes o aluno chega depressivo, fica de lado pela família, muitas vezes familiares chegam cansados de um dia de trabalho e não tem tempo de ligar para o idoso, que fica para escanteio. Aqui nós fazemos a dignidade dele, além da alfabetização fazemos a terapia do abraço, festas comemorativas e festas de aniversário. O idoso se sente acolhido, assim ele sara da depressão e se sente digno de estar aqui, voltando para o seio da família com autoestima elevada, algo perceptível aos familiares", comenta.
Segundo ela, a Catedral Diocesana de Paranaguá ajudou na criação do projeto, que tinha sede ao lado do espaço, e hoje funciona na Casa de Vidro, localizada na Rua Júlia da Costa, 420, Centro Histórico.
Café da tarde teve salgados e doces feitos pelos próprios participantes
Juciara Afonso, coordenadora pedagógica do projeto, destaca que a contribuição dada não é só para os idosos, é para a sociedade.
"São alunos que muitas vezes foram rejeitados. Há 21 anos estamos trabalhando com eles em uma missão bonita. Eu não sei se é melhor para eles ou para mim, você se doa, deixa os afazeres em casa e se doa aqui, mas se ganha muita coisa. Convidamos os voluntários a vir aqui, com paciência e tempo disponível, que se torne voluntário, que vista a camisa. Quem fica aqui é quem tem amor pela causa. Voluntariado de alfabetização é comprometimento", explica.
José Leocádio Molino, o Seu Zé, que é poeta e atua no projeto como voluntário, afirma que atua há 10 anos e o programa serve para resgate da dignidade do idoso. "A alfabetização é uma forma de inclusão. Ficamos felizes de fazer parte desta família. Isto me fez bem e alguém melhor", completa.
Coordenadora do projeto, Cida da Catedral, e coordenadora pedagógica, Juciara Afonso
QUEM GANHA É O ALUNO E O VOLUNTÁRIO
"Muitas vezes o idoso chega aqui depressivo, assim como o voluntário, que muitas vezes é aposentado. Ele passa aqui a se dedicar para o idoso e ao bem, o que é um santo remédio. Doar é o melhor remédio, a doação ao próprio irmão, ainda mais o carente e analfabeto. Nós ganhamos de Deus saúde, pensamos 24 horas neles. Quando eles chegam e me abraçam eles me dão luz. É uma via de mão-dupla. Quem mais recebe somos nós, voluntários", afirma Cida da Catedral. Destacando o sucesso do projeto, de onde inclusive alguns alunos saíram para as portas da faculdade, Cida convida os cidadãos e empresas a serem voluntários e colaborarem com a iniciativa. O telefone para contato é o (41) 9 9928-7490.