Estudantes, professores, diretores, pedagogos, as famílias e demais integrantes da comunidade escolar passaram por um período desafiador com as aulas remotas. Na Escola Bilíngue para Surdos “Nydia Moreira Garcêz”, em Paranaguá, não foi diferente. No entanto, as aulas presenciais foram retomadas no mês de agosto, motivo de muita alegria para os estudantes que puderam reencontrar seus amigos e professores.
A diretora da escola, Fátima do Rocio de Souza Gonçalves, afirmou que o retorno foi muito positivo. “Com o retorno, já percebemos uma diferença no emocional dessas crianças, porque estavam muito em casa, com uma comunicação que não flui e agora eles podem conversar com os amigos, isso tem feito muito bem para todos que compõem essa comunidade escolar”, disse Fátima.
Por medidas de prevenção a Covid-19, as aulas não retornaram no período integral. “Ainda não é ofertado o almoço, para reduzir o tempo deles na escola, por questões de segurança. O nosso município e os profissionais de saúde chegaram a esse consenso. Os que têm aula pela manhã vão para a escola e à tarde fazem os projetos de forma remota e vice-versa. Só os alunos da creche que ainda não voltaram, devido ao contato com eles ser mais próximo”, explicou Fátima.
Ela contou que as apostilas criadas durante a pandemia para ajudar no ensino remoto continuam sendo utilizadas. “Deu um resultado muito bom, foi criado muito material bilíngue pelos nossos professores, algo que nos encheu de gratidão, ver a nossa equipe de professores compartilhando as experiências. Tivemos acesso a tantas coisas que estavam à nossa disposição e nós não usávamos. Hoje, fazemos muitas coisas que em 2019 nem passavam pela nossa cabeça. Enquanto diretora estou muito feliz com toda a dedicação da nossa equipe”, frisou. “Tivemos também uma ótima participação dos pais, que estavam sempre presentes participando de reuniões on-line”, completou a diretora.
Consulta aos pais
Para retornar ao ensino presencial, a escola fez uma consulta com os pais, que assinaram um protocolo, autorizando o retorno das aulas presenciais no dia 16 de agosto. “Foi passado para eles como seria a questão da segurança, das máscaras que teriam que trazer e somente uma família optou por não autorizar o retorno do aluno. Foi uma festa recebê-los de volta, ficamos muito felizes porque nada substitui esse contato direto, principalmente para os surdos, interagir com esses alunos faz toda a diferença”, lembrou Fátima.
Os cuidados com a higiene são reforçados diariamente. “Todos os dias há a limpeza das carteiras, das mãos dos alunos, tem álcool em gel em todo o espaço da escola, os banheiros são limpos várias vezes ao dia, as professoras são muito cuidadosas. Temos um número reduzido de alunos e nossas salas são grandes, por isso tem como manter o distanciamento”, contou Fátima.
Aulas remotas
Segundo a diretora, as aulas on-line foram organizadas com uma nova dinâmica, levando em consideração a especificidade dos alunos, prevalecendo a questão linguística e a forma de comunicação deles, que é visual. “No primeiro momento, tudo era muito novo, todo mundo ficou em dúvida de como fazer. A primeira medida foi criar grupos no whatsapp para cada turma e foram inseridos os pais e professores que atendiam aqueles alunos e outro grupo para que a pedagoga pudesse falar diretamente com os pais”, afirmou.
O momento também foi de superação de desafios. “Após criar esses grupos, a gente fez um levantamento com as famílias para ver quem tinha acesso a internet, computadores e celulares para a gente ver a realidade. Foram muitos desafios, tinha famílias com um celular para quatro crianças fazerem aulas remotas”, disse. “Houve situações em que eu tive que filmar a escola e mostrar que estava fechada para enviar aos pais, porque tinha crianças que não acreditava, eles sentiam falta de estar com os amigos, um lugar onde eles conseguem se comunicar, ser entendido”, relatou Fátima.
Dedicação da equipe
Os professores também atenderam os alunos de forma individual. “Foi um diferencial da nossa equipe, que não mediu esforços para que esses alunos tivessem as dúvidas sanadas. Sabemos que nada substitui o ensino presencial. As aulas remotas exigem muito tempo de atenção das crianças no celular. Foi muito desafiador, mas com o tempo, com a constância do trabalho, os professores foram criando estratégias para chamar a atenção dos alunos“, destacou a diretora.